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O atual Jardim da Liberdade |
Na década de 1950, Santarém assistiu à transformação do antigo e ainda conhecido como Campo-Fora-de-Vila – embora designado oficialmente como Campo Sá da Bandeira desde 1869 - na nova Avenida Sá da Bandeira. A recente estrutura resistiu até à primeira década do século XXI, sendo agora conhecida como Jardim da Liberdade, após uma polémica reconversão do espaço.
Em meados do século XIX, Almeida Garrett, na sua obra "Viagens na Minha Terra" descrevia assim o Campo Fora-de-vila e o centro histórico de Santarém.
" Chegámos enfim ao alto; a majestosa entrada da grande vila está diante diante de mim. Não me enganou a imaginação... grandiosa e magnífica cena!Fora-de-vila é um vasto largo, irregular e caprichoso como um poema romântico; ao primeiro aspeto, àquela hora tardia e de pouca luz, é de um efeito admirável e sublime. Palácios, conventos, igrejas ocupam gravemente e tristemente os seus antigos lugares, enfileirados sem ordem aos lados daquela imensa praça, em que a vista dos olhos não acha simetria alguma; mas sente-se na alma. É como o ritmo e medição dos grandes versos bíblicos que se não cadenceiam por pés nem por sílabas, mas caem certos no espírito e na audição interior com uma regularidade admirável. (...)
À esquerda o imenso convento do Sítio ou de Jesus, logo o das Donas, depois o de S. Domingos (...). Defronte o antiquíssimo mosteiro das Claras, e ao pé as baixas arcadas góticas de S. Francisco (...). À direita o grandioso edifício filipino, perfeito exemplar da maciça e pedante arquitetura reacionária do século dezassete, o Colégio, tipo largo e belo no seu género, e quanto o seu género pode ser, das construções jesuíticas... (...)
Rodeámos o largo e fomos entrar em Marvila pelo lado norte. Estamos dentro dos muros da antiga Santarém. Tão magnífica é a entrada, tão mesquinho é agora tudo cá dentro, a maior parte destas casas velhas sem serem antigas, destas ruas moirescas sem nada de árabe, sem o menor vestígio da sua origem mais que a estreiteza e pouco asseio.
As igrejas quase todas, porém, as muralhas e os bastiões, algumas das portas, e poucas habitações particulares, conservam bastante da fisionomia antiga e fazem esquecer a vulgaridade do resto.
Seguimos a triste e pobre rua Direita, centro do débil comércio que ainda aqui há: poucas e mal providas lógias, quase nenhum movimento. Cá está a curiosa torre das Cabaças, a velha igreja de S. João de Alporão. Amanhã iremos ver tudo isso de nosso vagar. Agora vamos à Alcáçova!"
Almeida Garrett, in "Viagens na Minha Terra", cap. XXVII
Fonte do texto inicial:
Blogue "Eu Gosto de Santarém"
http://www.eugostodesantarem.pt/imagens/outros-tempos/a-construcao-da-antiga-avenida-sa-da-bandeira
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