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quinta-feira, 30 de agosto de 2018

EN 2 - Troço Vila Real - Lamego



Crescida num planalto situado na confluência dos rios Corgo e Cabril, a cidade está enquadrada numa bela paisagem natural (Escarpas do Corgo), tendo como pano de fundo as serras do Alvão e, mais distante, do Marão. Com mais de setecentos anos de existência, Vila Real foi outrora conhecida como a “Corte de Trás-os-Montes”, devido ao elevado número de casas brasonadas que então tinha.
Este troço da estrada nacional nº 2 começa à saída de Vila Real, precedendo as inúmeras curvas que acompanham o apertado vale do Corgo, o rio que passa naquela cidade e que, mais à frente irá desaguar no Douro. A passagem pelo concelho de Santa Marta de Penaguião marca a entrada no Alto Douro Vinhateiro, declarado pela UNESCO como património mundial da Humanidade. A estrada desenha-se em contornos retorcidos, por entre a complexidade da paisagem modelada pelo homem ao longo dos anos. Entra-se em pleno pelos socalcos do Douro, que iluminam o dia, e cujo percurso proporciona quilómetros de um magnífico desfile panorâmico.
Foi no concelho de Santa Marta de Penaguião, mais precisamente no km 81, que foi assinado, em novembro de 2015, um protocolo de intenções que dê início ao estabelecimento de uma "Rota Turística da Estrada Nacional 2".
A paisagem vinhateira prossegue até ao Peso da Régua. Aqui foi criada a Companhia Geral das Vinhas do Alto Douro (actual sede do Museu do Douro) em 1756 pelo Marquês de Pombal, tendo este mandado delimitar as vinhas do Vale do Douro com marcos de granito (Marcos de Feitoria), criando a primeira região demarcada e regulamentada do mundo no Douro. Nesta cidade também se localiza a Casa do Douro criada em 1932 como entidade reguladora dos vinhos da região onde, no seu interior, se pode admirar um tríptico de vitrais da autoria do mestre Lino António que retratam a labuta diária da vinha na região duriense.
Da riqueza patrimonial do concelho destacam-se as muitas casas senhoriais, pequenos palacetes e grandes quintas rurais dos “senhores do vinho”, muitas delas abertas ao público, demonstrando a riqueza que esta produção trouxe à terra, mas também outros monumentos, como a Igreja Matriz de S. Faustino, construída no local onde outrora existiu a capela do Espírito Santo, a Capela do Senhor do Cruzeiro do século XVIII, a Igreja do Asilo Vasques Osório, as Capelas do Espírito Santo, a de Nossa Senhora do Desterro, a de São João ou a de Nossa Senhora da Boa Morte, entre tantos outros.
Atravessa-se a ponte pela Estrada N2, de olhos na sua imponente e moderna vizinha inserida no traçado da auto estrada A24. A partir daí é a subida para Lamego, acompanhada ainda pelos socalcos das vinhas do Douro Sul. O km 100 da EN-2 atinge-se na localidade de Sande, quase às portas de Lamego.
A entrada em Lamego faz-se pela Avenida Dom Afonso Henriques até ao largo da Sé e a saída pela Rua Alexandre Herculano, para se retomar a EN-2 seguindo as indicações de “Mata dos Remédios”.

Ler mais:
http://www.cm-smpenaguiao.pt/wp-content/uploads/2016/11/2016-ilovepdf-compressed-1.pdf
http://amantesdeviagens.com/conhecer-portugal/estrada-nacional-n2-portugal/
https://quilometroinfinito.com/rota-patrimonio-da-estrada-n2/
http://estradanacional2chavesfaro.blogspot.com/2012/02/en-2-1-etapa-chaves-peso-da-regua.html

sábado, 21 de abril de 2018

O Douro, visto por Miguel Torga


Foi assim que o grande poeta e escritor duriense se referiu, no seu Diário, à sua região natal:

"S. Leonardo de Galafura, 8 de abril de 1977

O Doiro sublimado. O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso de natureza. Socalcos que são passados de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor pintou ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis de visão. Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta."

               Miguel Torga, in "Diário XII"


segunda-feira, 2 de abril de 2018

Miradouro de São Leonardo de Galafura, visto por Miguel Torga



São Leonardo de Galafura é um dos mais enigmáticos miradouros da região duriense. Daqui podemos admirar o vale do Douro em todo o seu esplendor. A beleza do local tem encantado as pessoas e inspirado os poetas. Miguel Torga, nascido a poucos kms de Galafura, na aldeia de São Martinho de Anta, era contemplador assíduo das água do do douro que correm lentamente lá no fundo. Em 8 de Abril de 1977, Torga inspirado pelo Douro, faz-lhe uma das mais belas homenagens… um poema, que hoje se encontra eternizado na fachada da capela erigida lá no topo.

   Fonte: http://www.osmeustrilhos.pt/2012/07/10/sao-leonardo-d-galafura/

São Leonardo da Galafura


À proa dum navio de penedos,
A navegar num doce mar de mosto,
Capitão no seu posto
De comando,
S. Leonardo vai sulcando
As ondas
Da eternidade,
Sem pressa de chegar ao seu destino.
Ancorado e feliz no cais humano,
É num antecipado desengano
Que ruma em direcção ao cais divino.

Lá não terá socalcos
Nem vinhedos
Na menina dos olhos deslumbrados;
Doiros desaguados
Serão charcos de luz
Envelhecida;
Rasos, todos os montes
Deixarão prolongar os horizontes
Até onde se extinga a cor da vida.

Por isso, é devagar que se aproxima
Da bem-aventurança.
É lentamente que o rabelo avança
Debaixo dos seus pés de marinheiro.
E cada hora a mais que gasta no caminho
É um sorvo a mais de cheiro
A terra e a rosmaninho!

            Miguel Torga

Forte Jesus de Mombaça