Mostrar mensagens com a etiqueta Caminhos de Santiago. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Caminhos de Santiago. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Caminho de Santiago - Rota da Terra Fria

Os caminhos de Santiago são um dos denominadores comuns da cultura europeia. Estes itinerários, que são espaços públicos de convergência e de harmonia, devem ser respeitados e promovidos. Neles, qualquer caminhante se sente um cidadão do mundo, o que lhe dá a oportunidade de perspectivar as suas convicções num sentido ecuménico de abertura e de tolerância.
É nesta rede intrincada de itinerários jacobeus provenientes de todos os cantos da Europa, que se enlaçam os que têm origem em Portugal ou os que utilizam o nosso país como encurtamento de distâncias. Na Terra Fria do Nordeste Transmontano os percursos utilizados respigam-se de vagos testemunhos documentais e reconstroem-se com base na tradição oral que evoca ainda muitas histórias, mais ou menos coerentes, que animam o imaginário popular.
Estes percursos ou, pelo menos, alguns deles, podem considerar-se braços de um itinerário geralmente designado por Via de La Plata, com origem em Sevilha e escala em Zamora e Astorga, onde se articula com o conhecido Caminho Francês de Santiago.
A partir de Zamora havia de facto a possibilidade de reduzir a distância a Santiago e evitar a travessia da Sanabria rumando através de Portugal, por Bragança, Vinhais e Chaves até Ourense. Este trajecto foi sinalizado com setas amarelas pela Associação “Amigos del Camiño de Santiago de Zamora”, que o designa “Caminho Português da Via de la Plata”.
No território da TFT e proveniente de Zamora e Alcanices, entra em Quintanilha e passa em Réfega, Palácios, Babe, Gimonde, Bragança, Castro de Avelãs, Lagomar, Portela, Castrelos, Soeira, Vila Verde, Vinhais, Soutelo, Sobreiro, Aboa, Candedo, Edral e Sandim, entrando novamente em Espanha nas proximidades de Verín.
Para além das referências às localidades que integram a Rota da TFT que atrás se apresentaram, merecem destaque a arquitectura popular em Réfega, a ponte medieval sobre o rio Onor em Gimonde, o mosteiro de Castro de Avelãs, o percurso de Lagomar à Portela entre castanheiros centenários, a ponte romana sobre o rio Baceiro em Castrelos e a ponte medieval sobre o rio Tuela na proximidade de Soeira, o vale do rio Tuela no percurso para Vinhais, a vista do Parque Natural de Montesinho a partir do Monte da Forca, a descida ao Rio Rabaçal e a subida até Edral, porventura o troço mais árduo deste caminho.

Fonte: Rota da Terra Fria Transmontana
http://www.rotaterrafria.com/pages/135

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Cruzeiro do Senhor do Padrão

Implantado no bairro do Carvalhido, frente à Praça do Exército Libertador, no espaço de confluência das ruas 9 de Julho e Oliveira Monteiro, o Cruzeiro do Senhor do Padrão data da primeira metade do século XVIII, marcando o caminho primitivo que saía da cidade em direcção a norte.
A estrutura é composta por três peças, dispostas na vertical: a base retangular de quatro faces, numa das quais se inscreve a legenda "Louvado seja os tempos de valores virtude lisura ozias. MDCCXXXVIII", inserida num medalhão delimitado por enrolamentos, sobre a qual assenta a coluna cilíndrica com capitel vegetalista, decorado com folhas de acanto, e, por fim, o coroamento, com uma representação de Cristo na Cruz.
O Cruzeiro do Senhor do Padrão foi erigido em 1738, assinalando a antiga estrutura viária desta zona da cidade do Porto, por onde passava o caminho que se dirigia ao norte da Península, nomeadamente a Santiago de Compostela. O cruzeiro testemunha, também, um tipo característico de religiosidade de caminhos, uma vez que, na sua aparente ingenuidade, simboliza um dos valores religiosos mais importantes da vivência religiosa exterior da época barroca.
Quando o espaço abrangente se urbanizou, com a construção de habitações e a abertura dos eixos viários que confluem para a Praça do Exército Libertador, o cruzeiro foi rodeado e protegido por uma estrutura quadrangular, com faces azulejadas e portão de acesso ao recinto.
No ano de 1993 o Cruzeiro do Senhor do Padrão foi classificado como de interesse municipal, e em 2000 a autarquia portuense restaurou a estrutura e devolveu-lhe a feição primitiva, colocando na base da mesma uma placa comemorativa que assinala a intervenção.

Fonte: Catarina Oliveira (DGPC, 2018)
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/71035

domingo, 2 de dezembro de 2018

Igreja da Misericórdia de Ponte de Lima


O complexo da Santa Casa da Misericórdia apresenta um enquadramento urbano, no centro da vila de Ponte de Lima, "intra-muros" à antiga cidade medieval, junto ao percurso de Santiago de Compostela. A sua construção não foi pensada de raiz, mas sim através da aquisição de casas e do hospital medieval pré-existentes, e apresenta-se contígua à muralha. Em relação à actual distribuição programática, é constituído por uma igreja, de nave única, com capela-mor mais baixa e estreita, coro alto e sacristia, por uma farmácia no piso inferior e pelo consistório no primeiro piso. Do outro lado da rua Cardeal Saraiva encontra-se outra parte do complexo da Misericórdia que acolhe, actualmente, a Biblioteca Municipal de Ponte de Lima.
O templo foi erguido no século XVII. A capela-mor data de 1638, época em que se fez também a sua cobertura de pedra, em caixotões. Para a actual configuração destacou-se a campanha levada a cabo por volta de 1744.
A sua disposição actual resulta da abertura da rua Cardeal Saraiva, ao final da década de 1920, que dividiu em dois o edifício do antigo hospital, tendo-se então deslocado o pórtico barroco do claustro para a fachada voltada para esta via.
O seu interior caracteriza-se por uma nave única, capela-mor em abóbada de caixotões (1638) e pórtico principal aberto lateralmente sobre o cemitério, que constitui o adro actualmente fechado por um curioso gradeamento, sendo notável o efeito da varanda alpendrada que delimita este recinto. A abóbada do corpo da igreja está decorada com uma pintura barroca, e apresenta uma falsa estrutura de nervuras de feição gótica, que não são mais do que elementos decorativos, não tendo qualquer função portante. Um outro elemento barroco é a imponente balaustrada do coro-alto, que avança bastante pela nave dentro. As alterações e melhorias contínuas levaram à substituição de altares também barrocos por outros já de cariz neoclássico, então mais na moda.
Destaca-se no seu interior a abóbada nervurada em madeira policromada e dourada, os altares mor e laterais de gosto neoclássico, o painel central em alto relevo do primitivo retábulo-mor, o frontal do altar com a cena do Milagre da Multiplicação dos Pães e pintura setecentista com algum interesse. Das dependências destacam-se ainda a sacristia e a sua grande mesa de reuniões em mármore rosa e decoração barroca.
As duas figuras que ladeiam o pórtico principal representam um mamposteiro com o saco das esmolas e um peregrino de Santiago.

Ler mais:
http://www.gecorpa.pt/Upload/Revistas/Rev46_Artigo%2010.pdf
https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_da_Misericórdia_de_Ponte_de_Lima

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Igreja e Mosteiro de Leça do Balio


O Mosteiro de Leça do Balio, onde se inscreve a Igreja de Santa Maria de Leça do Balio, localiza-se freguesia de Leça do Balio, no concelho de Matosinhos.

O mosteiro de Leça do Bailio representa a primeira sede da Ordem do Hospital em Portugal, e, em conjunto com a igreja, constitui uma das primeiras construções góticas do país de grande qualidade e monumentalidade.

Situado no lugar de Recarei, junto ao Rio Leça e a pouca distância da antiga estrada romana que, cruzando o Rio Leça na Ponte da Pedra, unia o Porto a Braga, o Mosteiro de Leça do Balio já existia no séc. X. Em 1021 foi doado ao Mosteiro da Vacariça (próximo da actual Mealhada), mas logo em seguida a Rainha D. Teresa ofereceu-o aos freires hospitalários, ficando a ser a sua casa-mãe em Portugal até 1312. Foi durante o priorado de Frei Estêvão Vasques Pimentel, que exerceu o cargo durante três décadas até à sua morte em 1374, que se construiu a igreja anexa a uma possante torre afonsina. O actual templo, síntese do estilo românico e gótico, remonta a uma grande campanha construtiva iniciada por aquele prior, entre 1330 e 1336, quando foram renovados ainda os edifícios monacais e o claustro, dos quais vários elementos chegaram até aos nossos dias.

São duas as correntes artísticas dominantes neste monumento, aparentemente em contradição estética e funcional entre si, mas, um tanto paradoxalmente, aqui integradas de forma harmoniosa. De um lado, o esquema palnimétrico e volumétrico mendicante aplicado às igrejas. De outro, a máscara de fortificação e de poder que caracteriza exteriormente o edifício.
Em planta, o modelo mendicante é claro: três naves, organizadas em cinco tramos, sendo o último uma espécie de transepto inscrito, marcado apenas em altura; a divisão do espaço é feita através de grossos pilares, de perfil cruciforme pelo adossamento de colunas nas suas quatro faces; a cabeceira é tripla, com uma capela-mor mais profunda que os absidíolos, e de secção nascente poligonal. Se a estas características se juntar a cobertura em madeira das naves e o abobadamento em cruzaria de ogivas da cabeceira, temos um conjunto de indicadores que remetem para aquele modelo mendicante, que gozou de enorme sucesso na nossa arquitectura gótica, desde a igreja de Santa Maria do Olival, em Tomar, até praticamente ao século XVI.
Exteriormente, contudo, é uma outra linguagem estético-artística que vinga. A existência de merlões a toda a roda do edifício, de um caminho de ronda, de um balcão defensivo sobre o portal principal, ameado e dotado de matacães, e, principalmente, de uma robusta e grandiosa torre a ladear a fachada principal, pelo lado Sul, conferem a este monumento um estatuto ímpar na arquitectura religiosa gótica no nosso país, e colocam-no como principal exemplo do núcleo de igrejas-fortificadas então construídas.
Muito se tem já escrito sobre este carácter militar do templo de Leça do Bailio, discutindo-se, especialmente, se se trata de uma igreja-fortificada, se de uma igreja-fortaleza. O que parece claro é que a Ordem dos Hospitalários, em pleno século XIV, optou por um modelo construtivo religioso, de forte carácter militar, numa época em que a linha de fronteira que alimentava o antagonismo reconquistador estava bastante afastado.
Os Hospitalários conservaram a sua posse até começos do século XVI. D. Manuel I concedeu foral a Leça do Balio em 1519. Na sequência do triunfo liberal no país, o mosteiro de Leça do Balio assistiu à extinção das ordens religiosas (1834), perdendo os seus privilégios e direitos que a ordem ainda possuía sobre a freguesia, sendo integrada no concelho de Bouças (actual Matosinhos), em 1835.
O Mosteiro de Leça do Balio é agora propriedade de uma empresa privada que permite a sua visitação. No passado desempenhou um importante papel na assistência aos peregrinos que demandavam o túmulo do apóstolo Santiago em Compostela. Já a igreja permanece propriedade da paróquia de Leça do Balio.

O conjunto encontra-se classificado como Monumento Nacional por decreto publicado em 23 de Junho de 1910. 

Ler mais:
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70703/
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=4968
http://www.cm-matosinhos.pt/pages/426?poi_id=57
http://www.culturanorte.pt/pt/patrimonio/igreja-do-mosteiro-de-leca-do-balio/
https://jpn.up.pt/2016/03/28/que-futuro-para-o-mosteiro-de-leca-do-balio/

A lenda do Galo de Barcelos

Todos os portugueses, e muitos estrangeiros, já ouviram falar no famoso galo de Barcelos, um verdadeiro símbolo nacional. Ainda assim, muitos serão os que desconhecem a lenda que está na sua origem e que está directamente relacionada com o caminho português de Santiago.
Logo à chegada à cidade, no pátio das ruínas dos Duques de Barcelos, encontramos um dos mais antigo vestígio desta lenda: o cruzeiro, que terá sido esculpido pelo galego cuja história deu origem à lenda.
Por toda a cidade se encontram hoje enormes galos, com as mais variadas decorações. Encontrei um especialmente interessante, decorado com uma banda desenhada que conta a lenda e, que apresento a seguir.
Segundo a lenda, os habitantes de Barcelos andavam alarmados com um crime, do qual ainda não se tinha descoberto o criminoso que o cometera. Certo dia, apareceu um galego que se tornou suspeito. As autoridades resolveram prendê-lo. Este jurava inocência, clamando que estava apenas de passagem em peregrinação a Santiago de Compostela, em cumprimento duma promessa.
Condenado à forca, o homem pediu que o levassem à presença do juiz que o condenara. Concedida a autorização, levaram-no à residência do magistrado, que nesse momento se banqueteava com alguns amigos.
Cruzeiro do Senhor do Galo
O galego voltou a afirmar a sua inocência e, perante a incredulidade dos presentes, apontou para um galo assado que estava sobre a mesa e exclamou: “É tão certo eu estar inocente, como certo é esse galo cantar quando me enforcarem.” O juiz empurrou o prato para o lado e ignorou o apelo mas, quando o peregrino estava a ser enforcado, o galo assado ergueu-se na mesa e cantou. Compreendendo o seu erro, o juiz correu para a forca e descobriu que o galego se salvara graças a um nó mal feito. O homem foi imediatamente solto e mandado em paz.
A lenda do Galo de Barcelos inscrita na parede de
 um restaurante em Canterbury, Inglaterra.
Alguns anos mais tarde, o galego teria voltado a Barcelos para esculpir o Cruzeiro do Senhor do Galo em louvor à Virgem Maria e a São Tiago. Este cruzeiro é a mais antiga representação da lenda do Galo de Barcelos e apresenta os principais intervenientes da história: O peregrino, o enforcado e o galo.
Hoje o "galo de Barcelos" é conhecido em todo o mundo e perpetua esta lenda.


Fonte (com a devida vénia): David Samuel  https://www.dobrarfronteiras.com/lenda-galo-barcelos/

Forte Jesus de Mombaça