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sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Igreja da Misericórdia de Aveiro

A Igreja da Misericórdia de Aveiro é um templo de estrutura maneirista, que obedece a duas influências distintas. A primeira, ao nível da planimetria, é nitidamente tridentina, apresentando um templo que se desenvolve longitudinalmente, com uma capela-mor profunda, muito semelhante à igreja do mosteiro de Moreira da Maia, onde o mestre Gregório Lourenço também trabalhou. Por outro lado, o programa decorativo apresenta um singular gosto italo-flamengo, utilizando módulos da tratadística italiana.
A sua fachada tem um remate em frontão muito simples e um belo pórtico maneirista com dois andares harmoniosos e de bela composição. O primeiro tem quatro colunas coríntias, tendo os seus fustes os terços inferiores decorados com elementos geométricos e a parte superior com caneluras, erguendo-se em altos pedestais e sustentando um entablamento decorado com simples figuras geométricas; o corpo central é mais largo e nele rasga-se uma ampla porta rematada por um arco de volta inteira; os corpos laterais são estreitos e têm dois nichos com imagens, sob cartelas. O segundo andar do pórtico tem os dois corpos laterais rasgados por duas janelas de forma retangular, alinhando-se os seus parapeitos pelos pedestais das colunas; sobre o eixo da porta está um grande nicho com a imagem de Nossa Senhora da Conceição; o entablamento tem um friso pouco comum, constituído por mísulas que suportam a cornija. Por cima deste entablamento encontra-se, ao centro, o escudo de armas do rei e quatro urnas decorativas assentam na prumada das colunas erguendo-se, entre elas, a Cruz de Cristo e a esfera armilar.
A fachada desta igreja encontra-se revestida por azulejos colocados na segunda metade do séc. XIX. O seu interior é composto por uma nave bastante ampla e alta, o que lhe dá um ar de grandeza e, ao mesmo tempo, de leveza, sendo coberta por uma abóboda de berço apainelada, em pedra de Ançã. As paredes são totalmente revestidas a azulejos de tipo padrão, policromos, imitando tapeçarias, do séc. XVII, de oficina de Lisboa. O coro está apoiado numa abóboda apainelada. O arco triunfal, em pedra de Ançã, é ricamente decorado, ladeado por duas pilastras jónicas com as respetivas mísulas, sendo rematado por um nicho retangular com pilastras e frontão curvo; lateralmente encontram-se retábulos em pedra da oficina de escultura coimbrã seiscentista.
A capela-mor é grandiosa e igualmente de planta retangular, tendo sido executada por um mestre de Ançã, Manuel Azenha, em meados do séc. XVII. Destaca-se a sua bela abóboda, profusamente decorada com talha dourada e pinturas do séc. XVIII, assim como um belo retábulo, réplica do portal, com quatro pinturas, salientando-se a de Nossa Senhora da Misericórdia. Igualmente de boa qualidade são as esculturas em madeira, do séc. XVII, dispostas em nichos - Nossa Senhora da Conceição e Ecce Homo. O púlpito está suportado por duas mísulas e é talhado em calcário, demonstrando grande beleza e delicadeza no desenho e na execução. A sacristia é abobadada e revestida por azulejos de grande valor, também do séc. XVII, conjugando a sua beleza com a do lavabo e a do belo e impressionante crucifixo de marfim, oriundo da Índia. Esta igreja serviu de Sé de Aveiro entre 1775 e 1826.
A Igreja da Misericórdia de Aveiro está classificada como Imóvel de Interesse Público, desde 1974.

Ler mais:
https://www.e-cultura.pt/patrimonio_item/6400
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/73441


sábado, 10 de outubro de 2020

Igreja da Misericórdia de Vila Nova da Baronia

 

Construída no séc. XVI, a igreja possui frontaria triangular encimada do sinal do Redentor em pedra. na frontaria rasga-se uma luneta de moldura reticulada.
A principal manifestação artística a salientar na Igreja da Misericórdia é a pintura fresquista datada do período Filipino. Esta, uma iconografia composta por doze medalhões representando personagens santificadas, cobre grande parte do teto da nave e da capela-mor. Na abóbada da nave, os medalhões centrais apresentam os quatro evangelistas com os respetivos símbolos. No teto da capela-mor esta composição tem o seu seguimento com alegorias à paixão de cristo. O conjunto de maior interesse surge-nos nos alçados da nave, apresentando as "Obras da Misericórdia" espirituais e temporais.
Nos altares laterais, destinados a recolher a imagem do Senhor dos Passos e do crucifixo, podemos observar uma pintura a óleo e têmpora, representando uma paisagem de Jerusalém. Podemos, ainda, destacar o retábulo do altar-mor, o qual possui o Escudo Real no frontão, decorado de palmetas e vieiras, o sacrário em talha dourada esculpido com emblema solar e as chagas de Cristo, suportado por dois anjos dourados.
Contígua ao templo, situa-se a Casa do Despacho, onde se destaca o balcão de sacada de grade férrea com motivos geometrizantes.

Fonte:
https://www.freguesias.pt/portal/patrimonios.php?cod=020302

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Igreja de São João Baptista


As provas documentais da sua existência remontam ao ano de 1176, contudo a sua dimensão inicial não ultrapassaria o espaço da actual nave central. 
A primitiva igreja de São João Baptista de Abrantes foi fundada pela Rainha Santa Isabel em 1300, em memória da celebração de paz entre D. Dinis e o infante D. Afonso, tornando-se sede de paróquia no ano de 1326. Em 1588 Filipe I mandou fazer o templo de raiz, uma vez que este se encontrava arruinado, começando as obras no ano seguinte, a expensas dos moradores e das Confrarias da igreja. A construção deste segundo templo arrastou-se até 1633, havendo uma nova campanha de obras entre 1660 e 1674, para a edificação dos retábulos das capelas das naves. Apesar de em 1680 o coro ter sido concluído, a igreja ficou inacabada, uma vez que as torres da fachada nunca foram terminadas.
A fachada do templo, que denuncia influências da arquitectura de São Vicente de Fora, é dividida em três registos, de três panos, separados entre si por pilastras emparelhadas. No primeiro, ao centro, foi rasgado o pórtico, rematado por frontão triangular e delineado lateralmente por pilastras almofadadas. Os panos laterais possuem janelas rectangulares. Um friso separa este registo do superior. No segundo registo foram abertas diversas fenestrações rectangulares, as do pano murário central encimadas por frontão curvo, ladeando um nicho, a do pano murário direito com frontão triangular. À esquerda foi rasgado uma arco volta perfeita que serve de sineira. No último registo foi colocada uma sineira.
No actual templo, merecem também destaque os caixotões em pedra da capela-mor (da segunda renascença), o retábulo em talha dourada polícroma, uma imagem que representa o Baptismo de Cristo (no nicho central) e os azulejos do século XVI que revestem a capela-mor, entre outros elementos.
Esta igreja está classificada como Monumento Nacional desde 1948.

Ler mais:
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70286
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=3380
https://www.visitarportugal.pt/distritos/d-santarem/c-abrantes/abrantes/igreja-sao-joao-baptista
https://lifecooler.com/artigo/atividades/igreja-de-sao-joao-baptista/350333

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Igreja de Santa Cruz do Convento de São Domingos


Em 1560, ao visitar Viana do Castelo, o arcebispo de Braga D. Frei Bartolomeu dos Mártires decidiu fundar na vila da foz do Lima um convento que albergasse uma comunidade dominicana. 
A igreja de Santa Cruz de Viana, ou São Domingos, é um claro exemplar das exigências arquitectónicas contra-reformistas. Resultado directo das directrizes do Concílio de Trento no que respeitava à edificação arquitectónica, o convento dominicano da foz do Lima vai aliar as soluções maneiristas de vincada verticalidade e ambiguidade de escalas à finalidade catequética que se pretendia dos templos pós-tridentinos.
Da autoria do mestre João Lopes o Moço, e elaborado segundo os rigorosos planos e indicações de D. Frei Bartolomeu dos Mártires, a igreja do Convento de São Domingos apresenta uma fachada retabular dividida em três registos. O primeiro registo é decorado por um conjunto de colunas coríntias de fuste estriado, assentes sobre pedestais decorados com motivos rústicos de "pontas de diamante". Cada uma das colunas é acompanhada a todo o comprimento por uma pilastra embutida no pano murário. 
A planta do templo é de nave única com abóbada de caixotões e seis capelas laterais de arcada jónica, interrompida por um largo transepto cujo abobadamento, também de caixotões de madeira, é feito em formato de pirâmide invertida. A capela-mor, também jónica, é estreita e alongada. Este modelo segue as normas tridentinas segundo as quais os templos deveriam ser executados em forma de cruz, ou construção axial.
Na capela-mor, em arca tumular de mármore, está sepultado o fundador da igreja. A capela de Nossa Senhora do Rosário, edificada em 1615, ostenta um belo retábulo da autoria de Domingos de Magalhães, que a realizou sob projecto do arquitecto Manuel Pinto Villalobos.
No interior, podem admirar-se vários altares de belíssima talha dourada, com destaque para o grandioso retábulo do braço norte do transepto, em “talha gorda”, da autoria do mestre bracarense José Alvares de Araújo, a partir do desenho encomendado ao mestre André Soares pela confraria do Rosário, em 1760. Foi considerado uma “obra-prima do estilo rocaille de toda a Europa” pelo investigador norte americano Robert Smith, um estudioso da talha portuguesa na década de 70 no século XX.
A igreja é Monumento Nacional desde 23 de junho de 1910.

Ler mais:
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70306
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=4146
"Tesouros Artísticos de Portugal" (1976) - Selecções do Reader's Digest
https://www.visitportugal.com/pt-pt/content/igreja-e-convento-de-sao-domingos

sábado, 3 de novembro de 2018

Sé Catedral de Santarém

A Sé Catedral de Santarém, anteriormente conhecida como Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Colégio dos Jesuítas ou Igreja do Seminário, situa-se no centro histórico de Santarém, mais precisamente na freguesia de São Salvador.
A actual Sé Catedral de Santarém é um templo do século XVII erigido no local em que outrora se encontrava o Paço Real da Alcáçova Nova, uma residência real que se encontrava abandonada desde o tempo de D. João II (século XV). Em 1647, o rei D. João IV doou as ruínas à Companhia de Jesus para que esta ali criasse um colégio com uma igreja dedicada a Nossa Senhora da Conceição. Em 1780, após a expulsão dos jesuítas de Portugal, a rainha D. Maria I doou os edifícios ao Patriarcado de Lisboa para a instalação do seu Seminário. Com a criação da Diocese de Santarém em 16 de julho de 1975, a igreja foi elevada a Sé Catedral.
A fachada divide-se em cinco corpos distintos, separados por pilastras, rematando numa arquinave robusta sobrepujada pelo frontão pinaculado. Nos corpos laterais rasgam-se quatro nichos que albergam as imagens dos grandes santos da Ordem: Santo Inácio de Loiola, São Francisco de Borja, São Francisco Xavier e São Estanislau de Kotska. 
O interior é de uma só nave, coberta por um esplêndido tecto pintado a fresco, obra seiscentista de impressionantes dimensões. Nas cartelas laterais admiram-se alegorias das quatro partes do Mundo e cenas do Antigo Testamento relativas a Débora, Judite, Jahel e Ester. A capela-mor é coberta por uma abóbada ornada por uma composição a fresco, perspectivada, do final do século XVIII. 
Até 1759, data da expulsão dos Jesuítas, instituíram-se várias capelas de devoção, nomeadamente as que são dedicadas à Senhora da Glória e a Nossa Senhora da Boa Morte.
O órgão de tubos da Igreja da Sé encontra-se ao centro do coro alto, numa posição de frente para a capela-mor. Este órgão é o único, dos oito que constituem o património organístico da cidade de Santarém, que não faz parte da organaria ibérica. A sua origem é britânica, foi construído pelo organeiro inglês James Chapman Bishop, em 1835.
Com a doação dos Paços, foi feita uma Aposentadoria Real, integrada no corpo norte. O edifício foi ampliado para a instalação do Seminário, com a construção de nova ala, partindo da dos dormitórios. A zona conventual possui vasto espólio azulejar barroco, representando caçadas, cenas portuárias e de género, algumas truncadas pela abertura de novos vãos, destacando-se o de temática franciscana, existente junto ao refeitório, indiciando uma proveniência distinta, bem como os da Sala dos Atos, neoclássicos, esta construída à semelhança de outras salas de colégios da Companhia.
O conjunto está classificado como Monumento Nacional, desde 14 de março de 1917.

Ler mais:
"Tesouros artísticos de Portugal" (1976) - Selecções do Reader's Digest
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/69798
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=10134
https://www.visitportugal.com/pt-pt/content/se-catedral-de-santarem
http://www.cm-santarem.pt/descobrir-santarem/o-que-visitar/item/1187-igreja-de-nossa-senhora-da-conceicao-se
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sé_de_Santarém

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Igreja da Misericórdia

A Igreja da Misericórdia é o ex-libis de Torres Novas, sendo arquitectónica e artisticamente o elemento mais rico da cidade.
Fundada em 1534 pelos "homens bons" da vila, a irmandade da Misericórdia de Torres Novas só viria a construir o seu templo na segunda metade do século XVI. Em 1566 a igreja não estava ainda concluída, pois a primeira eleição da mesa da Misericórdia, feita nesse ano, foi realizada na igreja de Santa Maria. As obras iriam arrastar-se pelos primeiros anos do século XVII, embora a estrutura do templo estivesse concluída antes de 1592. 
Em 1618 era executado o retábulo de pedra da capela-mor, e em 1640, a Mesa pagava as tábuas dos altares colaterais, atribuídas ao pintor Miguel Figueira. No ano de 1644 era executado o entablamento da capela-mor e em 1668 o benfeitor Manuel Falardo da Maia patrocinava a edificação da tribuna em talha dourada. O revestimento azulejar do interior da igreja foi realizado em 1674, e quatro anos depois eram pintados os caixotões da abóbada da nave. O coro-alto só seria erigido em 1684. 
O longo tempo de edificação da Misericórdia de Torres Novas originou um templo eclético, que conjuga elementos de diversas épocas, nomeadamente um portal manuelino, de acesso à Casa do Despacho, que deverá ter sido retirado da estrutura da ermida dos Fiéis de Deus. A fachada principal do templo apresenta um modelo maneirista, de linhas depuradas, com portal de moldura rectangular inserido em estrutura retabular, ao qual se acede por escadaria. A estrutura do portal divide-se em três registos, à semelhança dos retábulos pétreos. A porta é ladeada por duplas colunas compósitas, assentes em plintos decorados com cartelas, e encimadas por cornija decorada com relevos de grutescos e um esquema arquitectónico tripartido, definido por pilastras decoradas. O conjunto é rematado por um nicho em concha, decorado por uma Visitação e rematado por frontão triangular. O segundo registo da fachada possui três janelas de peito, que iluminam lateralmente a nave.
A nave possui seis vãos, com as paredes totalmente revestidas de azulejos de tapete, e tecto de caixotões pintados. Ao fundo foi edificado o coro-alto assente sobre pilastras, com balaustrada de madeira. Do lado da Epístola foi colocado o cadeiral dos mesários da irmandade, destacando-se o lugar do provedor, encimado por brasão. O presbitério é avançado, com frontal revestido a azulejos de padrão. A cabeceira é decorada por estrutura arquitectónica de cantaria, com três arcadas de arco pleno separadas por pilastras dóricas e rematada por frontão triangular. As capelas colaterais, pouco profundas, possuem retábulos de talha dourada, a do Evangelho dedicada ao Senhor do Bom Despacho, a da Epístola dedicada ao Senhor dos Passos. O retábulo-mor, também de talha dourada, possui sacrário em forma de tabernáculo e imagem da Visitação. Sobre a sacristia foi edificada a Casa do Despacho, com tribuna para a nave, cerrada por portas envidraçadas. 
Portal manuelino
As telas maneiristas que compunham os retábulos originais foram preservadas, destacando-se a Visitação do retábulo-mor; as representações de Cristo curando o paralítico e a Ressurreição de Lázaro foram colocadas nas paredes laterais da nave, enquadradas por molduras barrocas. 
A igreja possui ainda, no vão lateral do presbitério, um presépio da escola de Machado de Castro, que pertencera à Quinta de São Gião e foi doado à Misericórdia de Torres Novas por João Caetano Pereira, seu segundo proprietário.
Fonte: Catarina Oliveira, IPAAR (2004)

Ler mais:
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/74818
https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_da_Misericórdia_de_Torres_Novas

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Igreja dos Carmelitas


A escassos 100 metros da Torre dos Clérigos, fica um raro conjunto monumental, classificado como monumento nacional desde 2013. Falamos das igrejas gémeas dos Carmelitas e do Carmo. 
“A implantação geminada de duas igrejas constitui uma raridade no panorama urbano nacional, constituindo uma cenografia de grande impacto visual na zona nobre do Porto setecentista, marcado pelo espírito do urbanismo iluminista” – refere o decreto de 2013 que institui a classificação de monumento nacional ao conjunto. Na verdade, esta disposição lado a lado permite observar dois edifícios de grande qualidade, ilustrativos da evolução histórica da arte em Portugal.
No Porto, a ordem dos Carmelitas descalços surgiu em 1617. Dois anos depois, receberam um terreno no Campo do Olival para erguer o edifício do Convento de Nossa Senhora do Carmo. Com a primeira pedra lançada a 5 de maio de 1619, a obra ficou concluída em 1622, beneficiando de donativos de aristocratas, mercadores e da própria Câmara do Porto. O edifício do antigo convento é hoje ocupado pelo Comando Territorial do Porto da Guarda Nacional Republicana.
A igreja, erguida do lado nascente do convento, representa um bom exemplo de fachada maneirista erudita. Apresenta planta em cruz latina abobadada com uma nave única precedida por nártex. A frontaria clássica, ritmada pelos três arcos da entrada, encimados por nichos que albergam imagens de São José, de Santa Teresa e de Nossa Senhora do Carmo. A fachada é rematada por um frontão triangular que ostenta o brasão da ordem religiosa sob a coroa real.
O seu interior contém um valioso património retabular barroco e rococó, em notável estado de conservação e integridade. Inclui um órgão de tubos e um retábulo-mor de José Teixeira Guimarães, grande mestre entalhador da segunda metade do século XVIII.

Ler mais:
http://portoby.livrarialello.pt/igrejas-do-carmo-dos-carmelitas/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_dos_Carmelitas
https://www.portopatrimoniomundial.com/-igreja-dos-carmelitas.html

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Ruínas de São Paulo

As Ruínas de S. Paulo referem-se ao conjunto formado pela escadaria e fachada da antiga Igreja da Madre de Deus, construída entre 1602 e 1640, e pelas ruínas do Colégio de S. Paulo, adjacente à Igreja, ambos parte de um complexo religioso destruído por um incêndio em 1835. As ruínas testemunham o que foi o primeiro estabelecimento de ensino universitário de estilo Europeu no Extremo Oriente e, juntamente com a Fortaleza do Monte, constituem exemplares de construções fruto da colaboração entre Portugueses e Jesuítas, compondo o que poderá ser considerado a "acrópole" de Macau.

As Ruínas de São Paulo, juntamente com a Fortaleza do Monte, estão incluídos na Lista dos monumentos históricos do Centro Histórico de Macau, por sua vez incluído na Lista do Património Mundial da Humanidade da UNESCO. Pode-se considerar que esta imponente estrutura é o símbolo máximo da cultura ocidental-cristã em Macau.
A fachada das Ruínas de S. Paulo mede 23 m de largura por 25,5 m de altura, estando dividida em cinco níveis. Seguindo o conceito clássico da divina ascensão, as ordens da fachada em cada nível horizontal evolvem da base para o topo da ordem jónica, passando pela ordem coríntia até à ordem compósita.
Os dois níveis superiores estreitam gradualmente para suportar um frontão triangular no topo, que simboliza o último estado da divina ascensão - o Espírito Santo. A fachada é de estilo maneirista, incorporando alguns elementos decorativos tipicamente orientais. Os temas escultóricos incluem imagens bíblicas, representações mitológicas, caracteres chineses, crisântemos, um barco português, vários motivos náuticos, leões chineses, estátuas de bronze com imagens dos santos jesuítas fundadores da Companhia de Jesus e outros elementos que integram influências europeias, chinesas e de outras partes da Ásia. No seu todo, essa composição reflecte uma fusão de influências à escala mundial, regional e local.
Para além da fachada, as Ruínas de São Paulo incluem ainda os vestígios da antiga Igreja da Madre de Deus. Durante o período de 1990 até 1996, o Governo realizou uma série de trabalhos arqueológicos nesta área, incluindo a recuperação de objectos e o estudo da organização da igreja; vários arqueólogos, historiadores e museólogos participaram neste projecto, com o intuito de reabilitar o espaço da Igreja da Madre de Deus. O projecto resultou na instalação de uma estrutura metálica ao nível do Coro-Alto e na instalação de um Museu de Arte Sacra e Cripta junto à área do antigo altar-mor, tendo todo o espaço sido inaugurado em 23 de Outubro de 1996.

Ler mais:
http://www.wh.mo/pt/site/detail/18
https://www.vortexmag.net/patrimonio-portugues-no-mundo-igreja-de-sao-paulo-macau/
https://www.icm.gov.mo/pt/StPaul
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ruínas_de_São_Paulo

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Igreja do Colégio dos Jesuítas

A igreja do Colégio dos Jesuítas Conhecida popularmente por Igreja de Nossa Senhora do Carmo) em Angra do Heroísmo, dedicada a Santo Inácio de Loiola, é um dos grandes templos da cidade, juntamente com a Sé, a Misericórdia e S. Francisco. Foi construída a partir de 1637, integrada no programa que a Companhia de Jesus ali se propunha implantar desde a sua chegada em 1570. O arquitecto, Bento Tinoco, um jesuíta que ali esteve para desenhar a igreja (e possivelmente o Colégio), além de se ter guiado pelos exemplos canónicos das igrejas de Gesú (Roma) e S. Roque (Lisboa), também soube tirar partido do terreno escolhido. Daí a feliz implantação elevada sobre a cidade, com a fachada virada ao centro cívico e com um vasto adro, que já no séc. XIX receberia uma escadaria de belo efeito cenográfico.
A igreja tinha por destino servir o Colégio dos Jesuítas em Angra. Os seus alicerces foram abertos em 1636-1637, e a sua abertura ao culto religioso data de 17 de junho de 1651. A 27 de julho de 1652 foi para aí transladado, em procissão solene, o Santíssimo Sacramento que os jesuítas conservavam na sua primeira casa, na Rua de Jesus.
Após a expulsão da ordem do país, à época do Marquês de Pombal, ficou abandonada até que o 3.º Capitão General dos Açores, D. Lourenço José Boaventura de Almada, no âmbito da requalificação das instalações do antigo Colégio a paço, cedeu as dependências do templo para a Ordem Terceira do Carmo.
A igreja encontra-se implantada no cimo de ampla escadaria. A sua fachada sóbria e imponente, não apresenta torre sineira, conforme o projecto original dos jesuítas, que com isso pretendiam que o templo se assemelhasse a uma casa.
No seu interior, de amplas dimensões e nave única, destacam-se o tecto abobadado em caixotões de madeira, a rica talha dourada, pinturas e painéis azulejos dos séculos XVII e XVIII, além de painéis em marchetaria (madeira de cedro-do-mato e jacarandá), distribuídos por duas capelas laterais. O tecto da capela-mor é igualmente em madeira, pintada e dourada.
No coro alto, sustentado por duas colunas de madeira torneada, destaca-se um antigo órgão construído em 1798 por António Xavier Machado e Cerveira.
Encontra-se classificada como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto 735/74, DG 297 de 21 de Dezembro de 1974.

Ler mais:
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=8172
http://www.culturacores.azores.gov.pt/ficheiros/pca/201210194135.pdf
https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_de_Nossa_Senhora_do_Carmo_(Angra_do_Heroísmo)

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Igreja de São Nicolau


Foi em finais do século XVI que, juntamente com as da Sé e Vitória, foi criada a freguesia de São Nicolau. Inicialmente efectuados numa pequena ermida do século XIII os serviços religiosos da freguesia de São Nicolau tinham necessidade de um espaço maior tendo sido para isso demolida a ermida para dar lugar à Igreja de São Nicolau em 1671, anunciando o forte crescimento económico e populacional dessa área urbana junto ao rio.
Reconstruída em 1762, após um incêndio que a destruiu parcialmente, reúne elementos dos estilos maneirista e barroco. A nova igreja é da autoria de Frei Manuel de Jesus Maria. Na fachada, encontra-se a imagem do padroeiro num nicho sobre o janelão. O retábulo em talha é da autoria de Frei Manuel Jesus Monteiro e a pintura do altar-mor, móvel, reservada ao tema da Adoração do Santíssimo Sacramento, está a atribuída a João Glama Stroberle.
Na sacristia, encontram-se várias obras valiosas, entre elas peças de ourivesaria de Domingos Sousa Coelho e um arcaz proveniente de Hamburgo, com puxadores em bronze, datado do século XIX. Salientam-se, ainda, dois baldaquinos portáteis, exemplares de grande raridade.
Nesta Igreja, está sediada a Confraria de Santo Eloy, padroeiro dos ourives de ouro e prata da cidade do Porto. Entre as obras de referência, salientam-se a imagem de São Nicolau, o magnífico altar em talha dourada, estilo rococó que alberga a referida pintura da autoria de João da Gama Strobelle.
Em 1832 foi acrescentado um adro gradeado para a protecção das sepulturas e em 1861 cobriu-se a frontaria com azulejos.

Ler mais:
https://www.upt.pt/page.php?p=639
https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_de_São_Nicolau_(Porto)

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Sé de Leiria

Edificada em 1559, a Sé Catedral de Leiria é um magnífico e sóbrio edifício em estilo maneirista que se assume também como um dos exemplos mais perfeitos das igrejas salão (Hallenkirchen).
A Diocese de Leiria foi criada por bula papal em 22 de Maio de 1545 ficando, então, separada em definitivo tanto do bispado de Coimbra como do priorado do Mosteiro de Santa Cruz conimbricense. Os trabalhos de construção da catedral iniciaram-se em Agosto de 1559, com o lançamento da primeira pedra, estando a capela-mor terminada em 1569; no ano seguinte iniciava-se a construção do corpo da igreja, que se finalizava em 1572 com a edificação da fachada. Em 1574 dava-se por terminado o edifício, na sua generalidade.
De planta cruciforme, possui transepto saliente com corpo tripartido e cabeceira dividida em três capelas de diferentes profundidades. A fachada denuncia a campanha de reconstrução executada depois do terramoto de 1755, numa estrutura simétrica e despojada de grandes elementos decorativos. Divide-se em três tramos, marcados por quatro robustas pilastras, exibindo três portais de moldura circular enquadrados em pórticos de pedra e encimados por janelões; dos três, destaca-se o central, de maiores dimensões. Adossado à cabeceira ergue-se o claustro, com três galerias toscanas coroadas por abóbada de caixotões a delimitar o pátio.
O espaço interior, coberto por abóbadas de nervura, divide-se em três naves amplas erguidas à mesma altura, cujos tramos assentam sobre oito pilares que exprimem o vigor da estrutura, ritmam a composição e perturbam visualmente o espaço harmónico.
Segundo reza a lenda, havia uma torre sineira na Catedral de Leiria, no entanto os habitantes que viviam no outro lado da cidade, não conseguiam ouvir os sinos a chamar para a oração. É precisamente por essa razão que, em 1770, o Bispo D. Miguel Bulhões e Sousa ordenou a construção de outra torre sineira na encosta do castelo, ou seja, separado da Catedral. Os habitantes locais dizem que “Leiria tem uma torre que não é Sé e uma Sé que não tem torre”. Esta é, de facto, a única catedral em Portugal que não possui a torre sineira integrada.

Ler mais:
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/14955162
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=1804
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sé_de_Leiria
http://www.centerofportugal.com/pt/se-catedral-de-leiria/

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Capela de Santa Marta


A Capela de Santa Marta ou Capela de Nossa Senhora da Conceição situa-se na freguesia de Melo, no concelho de Gouveia.
Embora se desconheça a data de fundação da Capela de Santa Marta, a sua tipologia arquitectónica indica-nos que a data de edificação se situará entre a segunda metade do século XVI e os primeiros anos de Seiscentos. As Memórias Paroquiais de 1721 referem que o templo foi fundado por João de Almeida, cónego da Sé da Guarda, e seu irmão António Cabral. 
É um pequeno templo de estrutura maneirista de gosto clássico. De planta rectangular disposta longitudinalmente, destaca-se no conjunto exterior o programa decorativo da fachada. 
O portal principal, de volta perfeita, é ladeado por duas pilastras e encimado por um friso decorado com relevos de motivos grotescos que revelam a inspiração na tratadística italiana quinhentista, uma vez que são decalcados das imagens do Livro de Arquitectura de Sebastiano Serlio. O conjunto é rematado por frontão curvo interrompido, que ao centro alberga um nicho concheado que integra uma imagem pétrea de São Paulo. A fachada é rematada por frontão triangular, com óculo, ladeado por pináculos. 
A fachada lateral, do lado da Epístola, possui um portal de estrutura semelhante ao portal principal, tendo sido inserida no nicho cimeiro a imagem de São João Baptista. Na parede, ladeando a porta, foi rasgada uma janela de moldura rectangular simples com guarda de ferro. No remate da fachada, no alinhamento da janela, foi colocada a sineira. A toda a volta do edifício, na cornija, foram esculpidas gárgulas com decoração antropomórfica. 
O interior, de nave única, encontra-se actualmente despojado de todo o recheio ornamental, uma vez que na primeira metade do século XX a pequena capela era utilizada pelos proprietários como armazém. A Fábrica da Igreja Paroquial de Melo adquiriu o templo em 1996, tendo desde então efectuado obras de reparação da estrutura. 
Embora este seja um templo rural, de dimensões modestas, a Capela de Santa Marta destaca-se pelo seu eruditismo, o que pressupõe a existência de um encomendante culto e esclarecido, bem como de um autor da traça formado num dos grandes centros de produção artística do país, profundamente ligado aos ensinamentos da tratadística italiana do século XVI.
A capela está classificada como Imóvel de Interesse Público desde 1938.

Fonte: DGPC
Ler mais:
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/73622
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=1365
https://pt.wikipedia.org/wiki/Capela_de_Santa_Marta_(Melo)

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Igreja e Mosteiro de São Vicente de Fora

A Igreja e Mosteiro de São Vicente de Fora constituem um dos edifícios históricos mais belos da cidade de Lisboa. Este monumento localiza-se no bairro de Alfama e teve origem num mosteiro erguido em 1147, por D. Afonso Henriques em honra de São Vicente, padroeiro de Lisboa. A expressão de fora resulta do templo ficar no exterior da muralha, que então servia para proteger a cidade. Foi renovada em 1527, no reinado de D. João III, mas só com D. Filipe I é que se procedeu a uma refundação da igreja e do seu mosteiro, assim como do panteão real.
De planta longitudinal, o templo vicentino possui nave única, com transepto, capela-mor bastante profunda e retrocoro. Nas paredes laterais da nave destaca-se a sequência rítmica de pilastras emparelhadas, entre as quais foram rasgadas, em 1608 pequenas capelas, comunicantes entre si. O espaço, cuja iluminação é feita através de janelas termais que se distribuem pelo topo da cabeceira e do transepto, é coberto por abóbada de berço de caixotões, estando estes decorados com diferentes relevos. O cruzeiro da igreja era originalmente rematado por uma cúpula, que ficou totalmente destruída durante o terramoto de 1755.
No corpo da igreja desenham-se três capelas laterais, forradas em mármore cor-de-rosa e molduras de embrechados. As invocações das capelas laterais têm sido alteradas no decurso da história do templo; a capela de Nossa Senhora do Pilar, situada do lado da Epístola, impõe-se com altar de mármore embrechado e retábulo de talha dourada, do lado oposto encontra-se uma outra conhecida como do Santíssimo Sacramento, que já aí não se encontra e que se apresenta fechada por uma grade de ferro trabalhado de finais do séc. XVII.
A fachada apresenta uma composição muito original, de linhas sóbrias e depuradas mas repleta de monumentalidade, como convinha a uma igreja designada panteão-real, na qual se destaca a disposição das duas torres. Estas não são simplesmente justapostas como dois blocos adossados ao frontispício, mas antes plenamente integradas na estrutura, numa tipologia que recria, à luz da tratadística renascentista, a arquitectura medieval portuguesa, alcançando um equilíbrio perfeito entre a tensão horizontal de um alçado de cinco tramos e a verticalidade sugerida pelos volumes torreados.
O antigo mosteiro agostiniano adjacente, com acesso pela nave, conserva a sua cisterna do século XVI e vestígios do antigo claustro. Destaca-se ainda pelos seus painéis de azulejos do século XVIII: à entrada, junto ao primeiro claustro, estão representadas cenas do ataques de D. Afonso Henriques a Lisboa e Santarém da autoria de Manuel dos Santos. Em volta dos claustros, 38 painéis de azulejos com cenas rurais, rodeados por desenhos florais e querubins, ilustram as fábulas de La Fontaine.
Nas dependências da Igreja estão localizado o Panteão Real dos Braganças (que inclui o túmulo de Catarina de Bragança, a princesa portuguesa que se tornou rainha de Inglaterra ao casar-se com Carlos II em 1662) e o Panteão dos Patriarcas de Lisboa.
O conjunto está classificado como Monumento Nacional desde 1910.

Ler mais:
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/71213/
https://www.lisbonlux.com/lisbon/mosteiro-sao-vicente-de-fora.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_de_São_Vicente_de_Fora
http://www.cm-lisboa.pt/equipamentos/equipamento/info/museu-de-sao-vicente-de-fora
http://www.lisbonne-idee.pt/p3135-mosteiro-sao-vicente-fora-uma-das-belas-atracoes-lisboa.html
https://www.patriarcado-lisboa.pt/site/index.php?cont_=47&tem=356

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Igreja de São João Evangelista

A igreja de São João Evangelista, ou Igreja do Colégio dos Jesuítas do Funchal constitui um dos mais belos monumentos do século XVII. A sua construção marca a transição do maneirismo internacional para o barroco português.
A igreja de São João Evangelista do Colégio do Funchal, localizada na freguesia de São Pedro, apresenta-se como um dos mais belos templos portugueses da sua época e uma das mais ricas igrejas da ilha da Madeira.
Esta bela obra dos Jesuítas apresenta uma talha dourada do séc.XVII, considerada como uma das mais valiosas peças de talha seiscentista portuguesa. Exibe também azulejos e pinturas dos sécs.XVII e XVIII.
As obras iniciaram-se em 1599 e no final do mesmo ano encontra-se levantada a ala poente do Colégio, sobre a Rua do Castanheiro. Em 1629 é lançada a primeira pedra da igreja, dedicada a São João Evangelista, que ao integrar-se no conjunto passa a ser denominada de Igreja do Colégio. Em 1647, o templo, de desenho maneirista encontra-se erguido, no entanto, devido ao carácter monumental e à exuberância do empreendimento, os trabalhos de decoração prolongam-se pelo século XVII e inícios do século XVIII.
Na sequência da ordem régia promulgada por D. José I, em 1759 os Jesuítas vêem decretada a sua expulsão de todos os domínios submetidos à Coroa portuguesa, verificando-se, à semelhança do que acontece no espaço nacional, o sequestro dos bens da companhia e, neste contexto, o encerramento do Colégio e da igreja logo após a saída dos últimos jesuítas da ilha, a 16 de Julho de 1760.
Necessitando de grandes obras de recuperação, em 1846 o Governador Civil do Funchal, José Silvestre Ribeiro, empreende uma oportuna intervenção de salvaguarda e de restauro e devolve-a à Diocese em 1848 para ser novamente aberta ao serviço religioso.
Por todo o espaço salta à vista a riqueza da decoração e do cromatismo, tudo preenchido ao mais ínfimo pormenor. “A estrutura arquitetónica, os trabalhos de decoração das pinturas a fresco e a talha, executada em meados do século XVII, denotam uma clara inspiração maneirista enquanto que as produções mais tardias, nomeadamente as talhas das capelas de Santo António e São Miguel Arcanjo, as esculturas exteriores e os painéis de azulejos de desenho azul sobre fundo branco do coro e nave, são resultado da influência barroca que irá dominar o século XVIII.”
É possível visitar a torre durante os dias de semana, de onde terá uma vista panorâmica sobre toda a cidade do Funchal.
Fonte principal: “Guia dos Monumentos do  Funchal”, com coordenação de Diva Freitas

Ler mais:
http://www.jornaldamadeira.com/2017/11/05/igreja-do-colegio-em-destaque/
http://www.madeiraislandsguide.com/pt/place/igreja-do-colegio/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_de_São_João_Evangelista_(Funchal)

terça-feira, 22 de maio de 2018

Sé Nova de Coimbra

A Sé Nova de Coimbra é um templo católico localizado no Largo da Feira na freguesia da Sé Nova, cidade e concelho de Coimbra. É a sede da Diocese de Coimbra e da Paróquia da Sé Nova.

Inicialmente, a Sé Nova de Coimbra terá sido a Igreja do Colégio dos Jesuítas ou o Colégio das Onze Mil Virgens, instalado em Coimbra no ano de 1541, com construção iniciada em 1547. Terá sido o primeiro colégio jesuítico em todo o mundo.
A edificação do Colégio de Jesus foi iniciada em 1547, estando o edifício situado na Alta da cidade. A primeira fase das obras arrastou-se por vários anos, e em 1560 a planta original foi modificada de modo a adaptar-se melhor ao elevado número de religiosos que iriam habitar o complexo.
A construção da igreja do Colégio de Jesus iniciou-se somente em 1598, dando origem a um edifício muito diferente das plantas primitivas. Será Baltazar Álvares, "arquitecto oficial" da Companhia de Jesus em Portugal, o autor da nova planta do templo do colégio coimbrão, fortemente influenciada pelo modelo romano de São Vicente de Fora.
A fachada do templo, embora tenha sido terminada no século XVIII, apresenta-se também muito próxima do modelo maneirista de Il Gesú de Roma. Composta por dois corpos sobrepostos separados por uma cornija, tem no registo inferior cinco tramos divididos por pilastras toscanas. 
Na fachada da igreja há 4 estátuas de santos jesuítas (Santo Inácio de Loyola, São Luís Gonzaga, São Francisco Xavier e São Francisco de Borja), sendo marcada por fortes linhas de traçado sóbrio, evidenciando duas fases de construção. Nas partes inferiores há decoração de estilo maneirista. Filia-se no denominado Estilo Chão, com pilastras sobrepostas a ritmar a frontaria. Aí, rasgam-se portas e janelas retangulares. É nesta fase de construção que se inserem as estátuas dos santos jesuítas, aí albergadas por frontões mistilíneos e nichos. Na parte superior da fachada há decoração barroca. Foi finalizada apenas no século XVIII.
No interior, muito sóbrio, existe uma nave apenas, abobadada, com capelas laterais, curto transepto com cúpula e lanternim, no cruzeiro, de acordo com o esquema da Igreja de Jesus de Roma. Decorados com enormes e esplêndidos retábulos de talha dourada, de fins do século XVII e princípios do século XVIII, estão o transepto e a capela-mor. Nas capelas laterais existem vários retábulos maneiristas e barrocos.

Ler mais:
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70315
http://www.historiadeportugal.info/se-nova-de-coimbra/
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9_Nova_de_Coimbra

Forte Jesus de Mombaça