segunda-feira, 9 de julho de 2018

Cadeia da Relação

O edifício onde se encontra instalado o Centro Português de Fotografia, também conhecido como “Cadeia da Relação” começou a ser construído em 1767, sob risco do arquitecto da Lisboa pombalina Eugénio dos Santos e Carvalho, sensivelmente no mesmo lugar onde, no início do séc. XVII, se haviam erguido as primeiras instalações para a Relação e Casa do Porto. 
O grandioso imóvel, cuja construção durou quase trinta anos, erguido entre o casario, paredes meias com o convento de São Bento da Vitória e fronteiro à Porta do Olival, veio a alojar o Tribunal e a Cadeia da Relação. A área disponível da edificação, detentora de uma curiosa planta trapezoidal, foi repartida de forma quase equitativa entre Tribunal e Cadeia, sendo que as instalações do Tribunal foram alvo de cuidados acabamentos, ainda hoje visíveis em diversos pormenores construtivos.
É um dos edifícios de referência na história do Porto. As enxovias tinham nomes de santos: Santo António, Sant'Ana, para homens; Santa Teresa para mulheres; e Santa Rita para menores. A prisão oficina estava sob a protecção do Senhor de Matosinhos e as prisões de castigo tinham por patrono São Vítor. Havia ainda os salões (do Carmo e de São José) para homens e mulheres. Diferenciavam-se das celas por terem o chão de madeira mas pagava-se para ficar neles - 1$500 réis.
O edifício granítico desenvolve-se numa sucessão geométrica de janelas - 103 no total dos pisos. Tem planta poligonal com quatro fachadas, duas delas resguardando as duas funções do edifício: a fachada nobre, na Rua de São Bento, dá entrada para o sector do Tribunal de Relação. A outra entrada, aberta para a Cordoaria, foi construída para a passagem directa dos presos e é, hoje, a entrada principal do edifício. 
Aqui cumpriram pena nomes como Camilo Castelo Branco, um dos mais famosos escritores portugueses e a sua amante Ana Plácido, presos por adultério, bem como o célebre Zé do Telhado, preso por roubo e ainda nomes como Severim de Noronha (duque da Terceira), Pita Bezerra e João Chagas.
Entre 1999 e 2002 o edifício sofreu trabalhos de restauro, coordenados por Eduardo Souto de Moura e Humberto Vieira, de modo a adequar-se às actuais funções de Centro Português de Fotografia. Este possui um centro de exposições e são possíveis visitas guiadas ao edifício, mantendo-se a cela que foi ocupada por Camilo Castelo Branco.
O edifício da antiga Cadeia da Relação do Porto foi declarado Monumento Nacional em 2017.

Ler mais:
http://www.cpf.pt/edificio.htm
http://www.monumentos.gov.pt/site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=5460
http://www.historiadeportugal.info/cadeia-da-relacao-porto/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cadeia_da_Relação
http://www.visitporto.travel/visitar/paginas/viagem/DetalhesPOI.aspx?POI=2043
https://www.portopatrimoniomundial.com/cadeia-da-relaccedilatildeo.html

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