terça-feira, 10 de julho de 2018

Convento dos Capuchos

A última vontade de um nobre, de ilustre ascendência e brilhante carreira militar no Oriente, promoveu a construção de um convento franciscano situado em plena serra de Sintra, em contacto directo com a natureza e de acordo com uma filosofia de extremo despojamento arquitectónico e decorativo.
O Convento dos Capuchos, também conhecido como “Convento da Cortiça”, foi fundado em 1560 por D. Álvaro de Castro, conselheiro de Estado do rei D. Sebastião, com o nome de Convento de Santa Cruz da Serra de Sintra, e entregue a frades arrábidos franciscanos, em resultado do cumprimento de um voto de seu pai, D. João de Castro, quarto vice-rei da Índia.
Os primeiros franciscanos capuchos que aqui habitaram, em número de oito, vieram do convento da Arrábida, trazendo consigo toda uma espiritualidade que privilegiava a pobreza e a ascese, e que se traduziu na arquitectura totalmente depurada que, desde então, acolheu os diversos religiosos que viveram nestas celas de dimensões reduzidas, escavadas na rocha.
Acompanhando o declive do terreno, a planta do complexo conventual é, naturalmente, irregular e antecedida por um terreiro com uma fonte, que marca a passagem de um mundo de luz natural para um outro, as celas (e demais dependências, algumas das quais forradas a cortiça, e articuladas entre si através de escadas e corredores talhados na rocha) e a igreja, onde impera a penumbra. A vida contemplativa abraçada pelos frades capuchos assim o impunha. A igreja, integrada no conjunto, é de uma só nave, destacando-se o retábulo-mor de mármore e o altar de embutidos, por constituírem os elementos de maior vanguarda (devem ter sido executados entre o final de Seiscentos e o início da centúria seguinte), fugindo ao rigorismo e pobreza observada nos restantes espaços. É também aqui que se encontra a lápide evocativa da fundação do convento, que perpetua a memória de D. João de Castro.
A portaria do convento, um simples telheiro com tecto e traves de madeira forradas de cortiça, constitui justa expressão da pobreza e contenção que norteou esta construção desprovida de elementos decorativos. 
Habitado ainda nos finais do século XVIII, o Convento de Santa Cruz dos Capuchos terá sido abandonado em 1834, com a extinção das ordens religiosas que o regime liberal determinara. 
Os elementos artísticos existentes no convento apresentam-se hoje muito degradados, fruto do próprio tempo, e sobretudo dos actos de vandalismo a que todo este monumento foi submetido.
A vegetação que rodeia o Convento deve-se já a políticas de gestão florestal de meados do século XIX. Antigamente, o local era muito mais aberto e ensolarado, como pode ser visto nas gravuras contemporâneas à ocupação dos frades. Fora da cerca do convento os terrenos eram cultivados e também se praticava a pastorícia. Os bosques estavam limitados aos terrenos rochosos. Os bosques estavam limitados aos terrenos rochosos e aos altos dos penedos. A mata do convento, com os seus velhos carvalhos e arbustos de grande porte, beneficiou seguramente da protecção dos religiosos. Tendo sobrevivido até aos nossos dias, a mata constitui provavelmente o testemunho mais importante da floresta primitiva da serra de Sintra.

Ler mais:
http://www.cm-sintra.pt/convento-dos-capuchos
http://www.serradesintra.net/convento-dos-capuchos
https://www.parquesdesintra.pt/parques-jardins-e-monumentos/convento-dos-capuchos/descricao/
http://www.sintraromantica.net/pt/monumentos/convento-dos-capuchos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Convento_dos_Capuchos_(Sintra)
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/72838/

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