domingo, 11 de novembro de 2018

Casa, Torre e Quinta de Aguiã

A actual configuração da Quinta de Aguiã constitui um dos melhores exemplos de reutilização residencial ao longo dos séculos de uma primitiva estrutura baixo-medieval. Ao que tudo indica, a propriedade esteve sempre na posse de importantes famílias nobres da região, facto que contribuiu para a qualidade e requinte das múltiplas transformações operadas no espaço privado.
Na origem, a casa foi uma domus fortis, uma tipologia de casa tardo-medieval relativamente modesta, mas que teve amplo sucesso na nossa nobreza fundiária, pela imagem de solidez e de reduto defensivo-militar que as paredes de granito e o coroamento de ameias proporcionava. Subsistem ainda algumas dúvidas sobre a cronologia correcta a atribuir a esta edificação, longamente considerada do século XIV, mas que poderá já corresponder ao século seguinte ou, mesmo, às primeiras décadas do século XVI, altura em que se verificou uma reminiscência de antigos formulários medievais como forma de prestígio e de afirmação de algumas linhagens. Uma indicação neste sentido é dada pela própria denominação da propriedade - Aguiã -, ao que parece, resultado da posse pela família Aguiã, documentalmente relacionada com o local a partir de meados do século XV.
Da torre de planta quadrangular, só a parte superior é visível, elevando-se acima dos telhados do solar barroco. Não possui qualquer vão de iluminação (provável sinal da sua perda de função residencial aquando das grandes obras do século XVIII) e é rematada, a todo o redor do edifício, por uma linha de ameias piramidais, elemento de cariz militar por excelência, aqui integrado como marca de prestígio.
Casa nobre gótica, barroca e neoclássica, integrada em quinta agrícola constituída por capela separada, portal armoriado, casa dos caseiros e solar do tipo casa-torre, englobando uma torre medieval quadrangular, em alvenaria de granito, ameada, à qual foram acrescentados corpos barrocos formando planta em L, ficando a torre no centro do conjunto. Fachadas dos corpos setecentistas rebocadas e pintadas de branco, contrastando com os elementos de granito, como o embasamento, cunhais apilastrados, molduras dos vãos e cornijas de remate. Fachada principal simétrica marcada por ampla loggia assente em arcaria plena, ladeada por escadarias de acesso ao piso nobre. Interior do solar com primeiro piso destinado a dependências agrícolas, adegas e arrumos e o segundo à zona da habitação. No primeiro piso os pavimentos são em terra batida e calçada e os tectos com o travejamento de madeira à vista, de suporte do soalho do piso superior. O segundo piso organiza-se por salas intercomunicantes com tectos de masseira de madeira, corredores de distribuição, alcovas e cozinha com lareira com chaminé tronco-piramidal assente em colunas chanfradas e paredes rasgadas por pilheiras. 
Capela barroca, de nave única, com sacristia adossada. Fachada principal com portal ladeado frestas, todos emoldurados, encimado por grande pedra de armas. Interior com cobertura em abóbada de berço de madeira, tribuna com acesso exterior e retábulo de talha policroma neoclássico. A ladear a capela, voltada para o exterior, encontra-se portal monumental com grande pedra de armas, ligado ao volume da casa dos caseiros, cuja fachada junto a este recebeu um tratamento especial de modo ser simétrico em relação à fachada da capela. É um dos exemplos mais notáveis no Alto Minho de solar barroco com torre integrada ao centro. A sua notabilidade, deve-se também, não só à simetria da planta, como à elegância do frontispício, que explora o efeito teatral criado pelo emprego de dupla arcada sobreposta e dupla escadaria lateral, desenvolvendo-se assim em comprimento e não em altura para exibir a torre.
Obtido a partir das vinhas da secular Quinta de Aguiã, produz-se o vinho Aguião, procurando-se, nesse processo, revitalizar alguns costumes da região que estavam em acentuado processo de desuso.

Fontes:
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/73736
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=3613
http://vinhos.arcosdevaldevez.pt/?page_id=315

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