domingo, 26 de janeiro de 2025

O centro de Santarém, visto por Almeida Garrett

O atual Jardim da Liberdade

Na década de 1950, Santarém assistiu à transformação do antigo e ainda conhecido como Campo-Fora-de-Vila – embora designado oficialmente como Campo Sá da Bandeira desde 1869 - na nova Avenida Sá da Bandeira. A recente estrutura resistiu até à primeira década do século XXI, sendo agora conhecida como Jardim da Liberdade, após uma polémica reconversão do espaço.

Em meados do século XIX, Almeida Garrett, na sua obra "Viagens na Minha Terra" descrevia assim o Campo Fora-de-vila e o centro histórico de Santarém.

" Chegámos enfim ao alto; a majestosa entrada da grande vila está diante diante de mim. Não me enganou a imaginação... grandiosa e magnífica cena!
Fora-de-vila é um vasto largo, irregular e caprichoso como um poema romântico; ao primeiro aspeto, àquela hora tardia e de pouca luz, é de um efeito admirável e sublime. Palácios, conventos, igrejas ocupam gravemente e tristemente os seus antigos lugares, enfileirados sem ordem aos lados daquela imensa praça, em que a vista dos olhos não acha simetria alguma; mas sente-se na alma. É como o ritmo e medição dos grandes versos bíblicos que se não cadenceiam por pés nem por sílabas, mas caem certos no espírito e na audição interior com uma regularidade admirável.  (...)
À esquerda o imenso convento do Sítio ou de Jesus, logo o das Donas, depois o de S. Domingos (...). Defronte o antiquíssimo mosteiro das Claras, e ao pé as baixas arcadas góticas de S. Francisco (...). À direita o grandioso edifício filipino, perfeito exemplar da maciça e pedante arquitetura reacionária do século dezassete, o Colégio, tipo largo e belo no seu género, e quanto o seu género pode ser, das construções jesuíticas... (...)

Rodeámos o largo e fomos entrar em Marvila pelo lado norte. Estamos dentro dos muros da antiga Santarém. Tão magnífica é a entrada, tão mesquinho é agora tudo cá dentro, a maior parte destas casas velhas sem serem antigas, destas ruas moirescas sem nada de árabe, sem o menor vestígio da sua origem mais que a estreiteza e pouco asseio.

As igrejas quase todas, porém, as muralhas e os bastiões, algumas das portas, e poucas habitações particulares, conservam bastante da fisionomia antiga e fazem esquecer a vulgaridade do resto.
Seguimos a triste e pobre rua Direita, centro do débil comércio que ainda aqui há: poucas e mal providas lógias, quase nenhum movimento. Cá está a curiosa torre das Cabaças, a velha igreja de S. João de Alporão. Amanhã iremos ver tudo isso de nosso vagar. Agora vamos à Alcáçova!"

Almeida Garrett, in "Viagens na Minha Terra", cap. XXVII

Fonte do texto inicial:
Blogue "Eu Gosto de Santarém"
http://www.eugostodesantarem.pt/imagens/outros-tempos/a-construcao-da-antiga-avenida-sa-da-bandeira

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Igreja de Nossa Senhora da Lapa


A igreja da Lapa, em Arcos de Valdevez, é um excelente exemplar da arquitetura barroca do século XVIII. Foi construída em 1767, sob risco de André Soares.


A fachada é encimada por uma bem recortada cornija, lavrada e coroada nos flancos por duas ânforas de pedra. O portal, sobrepujado por um fenestrão, é emoldurado por duas altas pilastras.
A igreja caracteriza-se pela singularidade das soluções arquitetónicas que patenteia, nomeadamente pela planta centralizada, pela colocação da torre atrás da capela mor, e, sobretudo, por uma ampla e alta cúpula, criando uma solução inovadora e simples.
A nave, octogonal, é coberta por uma abóboda de pedra, de gomos. A decoração é feita por magníficas talhas douradas, atribuídas a Frei José de Santo António Vilaça, e estuques imitando mármore. No altar-mor figura um retábulo de talha, executado em 1770.
Fontes:

https://www.visitarcos.pt/o-melhor/gastronomia-e-vinhos/vinhos-e-quintas/vinhos/espumantes/geo_artigo/3-igreja-da-lapa-99

Tesouros Artísticos de Portugal (1976), Seleções do Reader's Digest, Lisboa

http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=2193

Museu de São Roque

 

O Museu de São Roque foi um dos primeiros museus de arte a serem criados em Portugal.

Abriu ao público em 11 de janeiro de 1905, com a designação de Museu do Thesouro da Capela de São João Baptista, em evocação da importante coleção de arte italiana que esteve na origem da sua criação.

Ocupa a área central do edifício da antiga casa professa da Companhia de Jesus, espaço residencial contíguo a uma das mais importantes obras de arquitetura religiosa portuguesa e uma das três mais antigas igrejas da Companhia de Jesus em Portugal: a Igreja de São Roque, inaugurada em 1573. Trata-se de um monumento classificado como património nacional, que mantém a sua integridade no que respeita ao traçado arquitetónico, património integrado e móvel.

Em 1768, após a expulsão dos jesuítas de Portugal, a Igreja e a antiga Casa Professa de São Roque foram doadas com todos os seus bens à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que os preservou até ao presente.

O conjunto reúne um acervo que se destaca pela qualidade e diversidade das suas coleções artísticas, oferecendo aos visitantes uma incursão pelos mais importantes momentos da história e da história da arte portuguesas.

Embora inclua objetos de arte profana, a maioria das peças de ourivesaria esteve ao serviço da igreja, enquanto adereços das esculturas ou alfaias litúrgicas destinadas ao culto, sendo a maior parte das obras representativa da arte sacra portuguesa dos séculos XVII e XVIII.

Texto e imagens retirados de:
Museu de São Roque
https://museusaoroque.scml.pt/museu-igreja/

Castelo e cerca urbana de Borba

 O castelo de Borba foi mandado construir por D. Dinis porque anos antes, em 1297, fora assinado o Tratado de Alcanices, que ainda hoje estabelece as fronteiras entre Portugal e Espanha. Borba assumia, juntamente com outros castelos de fronteira, uma função militar importante de observação, já que das suas muralhas se avista todo o território em direção a Espanha. Em caso de invasão, constituía a última defesa antes de Estremoz e Vila Viçosa.

É constituído por uma cerca urbana de traçado retangular, com dois acessos flanqueados por torres circulares. A muralha é rematada por merlões de secção retangular, integrando no seu perímetro torre de menagem de planta quadrada e com uma altura relativamente baixa. A cerca está parcialmente oculta pelo casario adossado pelos lados interior e exterior. Os acessos intramuros são desprovidos da estrutura da porta, sendo apenas marcados pela existência das torres flanqueantes.

Fontes:
https://www.cm-borba.pt/locais/castelo-muralhas/
http://monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=4776

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Camafeus da Terceira

  

Os camafeus são uma das joias da rica doçaria tradicional da ilha Terceira. A origem deste doce remete para os camafeus, objetos feitos de pedra cinzelada, formando figuras em relevo. No século XIX, passou a enfeitar blusas e vestidos femininos, além de ser pendurado ao pescoço por uma fita. 

É um doce pequeno, feito a partir de calda de açúcar, nozes raladas e ovos, engrossado ao fogo para ser, posteriormente, moldado no tamanho de uma noz, coberto com glacê e enfeitado com metade deste fruto.

Fontes:
https://tradicional.dgadr.gov.pt/pt/cat/doces-e-produtos-de-pastelaria/696-camafeus
https://cozinhaacoriana.pt/camafeus/

Recinto muralhado do Chão do Galego

 O recinto muralhado do Chão do Galego é uma construção monumental situada no ponto mais elevado da Serra das Talhadas, conhecida popularmente como Estrada dos Mouros. É formada por duas muralhas com cerca de 400 m de comprimento, as quais, em associação com duas cristas rochosas paralelas, fecham um espaço com cerca de 20 hectares de superfície. Atendendo à sua posição e características estruturais admite-se que corresponda ao início do 1º milénio a.C. (final da Idade do Bronze). Uma das hipóteses avançadas para a sua função é a de ter sido um povoado refúgio durante um período de instabilidade e conflitualidade à escala regional consequente ao estabelecimento de feitorias fenícias nas costas da Península Ibérica.

O recinto muralhado de Chão de Galego localiza-se junto do lugar de Chão de Galego, na freguesia de Montes da Senhora, concelho de Proença-a-Nova.

Fonte:
https://www.cm-proencanova.pt/974/recinto-mulharado

Para saber mais:
FÉLIX, P. et al. - O recinto muralhado de Chão de Galego (Montes da Senhora, Proença-a-Nova): contextualização e problemática. Arkeos 41, 77-91.

sábado, 1 de junho de 2024

Parque de Alta Vila

 

O Parque de Alta Vila, em Águeda, constitui um bom exemplo de arquitetura revivalista, cuja motivação romântica é comprovada, por exemplo, pelas guaritas e ameias esculpidas nos muros que o encerram, revelando influências medievais, ou até na estrutura interna do parque, pontuada por pequenas pontes, lagos e plantações de árvores exóticas.  
 
Edificado entre 1848 e 1902 e classificado como parque municipal de Águeda em 1996, distingue-se pelo seu bambuzal e pelas suas árvores raras e exóticas que remontam ao século XIX. O seu jardim de três hectares possui um lago, que pode ser atravessado através de duas pontes, percursos sinuosos, um coreto em ferro, um campo de ténis, uma capela, a casa do guarda, grutas, um pavilhão de caça e ainda a imponente chalet onde viviam os primeiros proprietários do parque.

O Parque da Alta Vila encontra-se aberto 24 horas todos os dias.

Fontes:
Câmara Municipal de Águeda - https://www.cm-agueda.pt/pages/984?poi_id=345
Litoral Magazine - https://litoralmagazine.com/ja-visitou-o-parque-da-alta-vila-em-agueda-a-entrada-e-livre/



Forte Jesus de Mombaça