Reza a tradição que a Ermida de Santo André foi fundada pelo rei D. Sancho I, aquando da primeira conquista da cidade aos mouros, em 1162; esta é, no entanto, uma data sem suporte histórico, uma vez que só em 1232, já no tempo de D. Sancho II, o burgo entrou definitivamente em posse cristã. Ainda assim, esta lenda inspirou ao longo dos tempos várias manifestações de devoção, e encontrou eco na obra de mais de um autor; a igreja conserva uma inscrição, datada de 1902, reproduzindo a lenda da fundação medieval.
De qualquer forma, o edifício existente nada tem a ver com a eventual construção dos séculos XII ou XIII, por ser o templo actual obra gótico-mudéjar do final do século XV ou do início do século XVI, talvez atribuível à acção mecenática de D. Manuel, possivelmente enquanto duque de Beja.
A ermida inscreve-se assim no tipo muito regional dos pequenos templos ameiados, com robustos contrafortes cilíndricos e coruchéus cónicos, erguidos extra-muros, perto das cinturas defensivas dos burgos; esta localização, aliás, justifica a proximidade de uma gafaria que aí existiu. Exteriormente, desenvolve-se em sucessão de volumes escalonados, sendo o corpo da igreja, inteiramente caiada, todo envolvido por doze botaréus cilíndricos mais elevados nas fachadas laterais, e coroado por um friso de merlões chanfrados que se prolonga pelo remate da ábside, um corpo cúbico rebaixado e perfurado por gárgulas zoomórficas. Na fachada principal destaca-se o nártex, com cobertura de cruzaria de ogivas, aberto em três arcos de volta inteira, para onde deita um pequeno campanário assente no frontão triangular da fachada, mais elevado. Os botaréus do nártex são rodeados por uma cinta de merlões semelhantes aos do corpo principal.
De planta longitudinal, o interior é de nave única, com abóbada de berço quebrado e quatro tramos de arcos torais assentes sobre mísulas. As paredes conservam vestígios de pinturas murais quinhentistas, quase totalmente destruídos por uma intervenção de meados do século XIX, que as revestiu com azulejos polícromos.
No frontal do altar existe ainda uma pintura a fresco do ciclo manuelino, representando dois anjos tenentes a sustentar o escudo de Portugal. O retábulo, de talha maneirista tardia e com empena triangular, enquadra dois quadros de pintura mural a fresco, figurando uma cena do martírio de Santo André e um Calvário, obras de factura tardo-quinhentista que ladeiam um nicho com uma imagem estofada do padroeiro, peça de factura regional datável de c. 1600. O templo guarda ainda um grande capitel coríntio em mármore, que serve de pia de água benta.
A ermida está classificada como Monumento Nacional desde junho de 1910.
Fonte: DGPC
Ler mais:
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/69868/
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=996
https://www.infopedia.pt/$ermida-de-santo-andre
http://www.correioalentejo.com/index.php?diaria=7566
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