terça-feira, 28 de agosto de 2018

Memorial de Odivelas

Situado nas imediações do Mosteiro de São Dinis, no cimo do outeiro de Odivelas, ergue-se o Cruzeiro como é de todos conhecido. São ainda muitas as dúvidas acerca da cronologia e da funcionalidade exactas do Memorial de Odivelas. Estas questões, todavia, não impedem que seja considerado uma das obras mais interessantes dos anos do Gótico, no nosso país, e mesmo o símbolo por excelência do novíssimo concelho de Odivelas.
Até ao momento, foram três as propostas cronológicas avançadas para datar este insólito monumento, todas elas conotadas com patrocínios régios: D. Dinis, D. Afonso IV e D. João I. A hipótese mais consensual é a que situa a sua construção no tempo do primeiro destes três soberanos, perspectiva que encontra melhores argumentos de sustentação. Foi este monarca que permitiu a construção do mosteiro cisterciense de Odivelas, local que o próprio escolheu para sua última morada. Por outro lado, a tradição aponta o memorial como um dos locais onde o seu corpo permaneceu, durante o cortejo fúnebre que o levou de Santarém a Odivelas.
As características estilísticas do monumento confirmam a sua datação na primeira metade do século XIV, embora coexistam outros elementos de épocas mais recentes. Compõe-se de três partes essenciais (base, dupla arcaria sobreposta, e coroamento), organizadas em duas faces dominadas pela verticalidade. A base é rectangular e ligeiramente saliente no soco inferior, e ostentava, até há poucos anos, a inscrição 1721, gravada na face voltada a Lisboa, indicadora, talvez, de uma provável campanha de obras. A primeira arcaria liga-se à base através de uma elegante cornija e contempla três arcos em série, trilobados e com aduelas de toro saliente, que assentam em capitéis vegetalistas, os das extremidades apresentando crochets. Sobrepõe-se-lhe um arco quebrado único, de aduelas igualmente trabalhadas, que enquadra a parte central da obra, onde o túmulo deveria ter repousado. O coroamento, em forma de gablete moldurado ladeado por colunelos embebidos à maneira dos portais de igrejas, é encimado axialmente por uma cruz da Ordem de Avis.
Em local dominante sobre o mosteiro cisterciense de Odivelas, o memorial impõe-se, ainda hoje, na malha urbana antiga da cidade. Foi classificado como Monumento Nacional por decreto de 16 de junho de 1910.

Fonte: DGPC

Ler mais:
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70249
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=4813
http://odivelas.com/2010/01/16/cruzeiro-ou-memorial-de-odivelas/

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