A origem do Parque de Serralves remonta a 1923 quando Carlos Alberto Cabral, 2º Conde de Vizela, herda a Quinta do Lordelo, propriedade de veraneio da família à Rua de Serralves (então nos arredores do Porto), e a sua história divide-se em três momentos: os traços do jardim de finais do século XIX da Quinta do Lordelo e a Quinta do Mata-Sete, o jardim de Jacques Gréber para a Casa de Serralves, e a paisagem do Museu de Arte Contemporânea.
Provavelmente desenhado por um dos viveiristas da cidade, e inspirado nos modelos vitorianos de final de oitocentos, o jardim da Quinta do Lordelo desenvolvia-se nas traseiras da casa com canteiros de formas orgânicas enriquecidos por espécies ornamentais.
Com uma área menor do que a presente, a propriedade seria sucessivamente ampliada pelo Conde de Vizela com a aquisição de terrenos adjacentes, num processo de compras que se prolongaria até aos anos 40, atingindo os actuais 18 hectares.
Após uma visita, em 1925, à Exposition Internationale de Arts Décoratifs et Industriels Modernes, em Paris, Carlos Alberto Cabral decide intervir na quinta, convidando o arquiteto Jacques Gréber a desenhar um novo jardim. O projeto, cujos desenhos datam de 1932, é caracterizado por um classicismo modernizado, suavemente Déco, influenciado pelos jardins franceses dos séculos XVI e XVII, integrando alguns elementos do jardim original, nomeadamente o lago, bem como estruturas agrícolas e de rega das propriedades entretanto em aquisição. Considerado em Portugal um dos primeiros exemplos da arte do jardim da primeira metade século XX, o jardim de Serralves projetado por Jacques Gréber terá sido o único construído nesse período por um privado, a partir de um projeto de arquitetura de paisagem.
Após a venda da propriedade, no início da década de 50, a Delfim Ferreira, Conde de Riba d’Ave, o Parque manteve-se até hoje reconhecível na sua estrutura.
Com a aquisição da propriedade pelo Estado Português em 1986 procederam-se a intervenções que acautelassem situações mais prementes e permitissem a abertura, faseada, do parque ao público, sob a orientação da Arquiteta Paisagista Teresa Andresen que, tendo feito parte da Comissão Instaladora, assume com a criação da Fundação, o cargo de Diretora do Parque.
Serralves é uma referência singular no património da paisagem em Portugal, sintetizando e simbolizando uma aprendizagem e um conhecimento das condições de transformação do território, no espaço e no tempo, num contexto cultural: Portugal e os séculos XIX e XX. O Parque de Serralves, aberto ao público em 1987, após trabalhos de preparação e de recuperação, foi objeto de um Projecto de Recuperação e Valorização, iniciado em 2001 e concluído em 2006, que constitui um contributo significativo para a educação e sensibilização da sociedade para a salvaguarda do património de paisagem, bem como para a necessidade de conciliar o espaço patrimonial com as manifestações e os processos culturais determinados pela sociedade contemporânea, sem hipotecar a sua integridade e permanência.
Uma das qualidades do Parque de Serralves é a diversidade do seu património arbóreo e arbustivo composto por vegetação autóctone e exótica e que inclui cerca de 8000 exemplares de plantas lenhosas, representando sensivelmente 230 espécies e variedades.
O Parque de Serralves está entre os 250 jardins mais notáveis do mundo, integrando a lista de jardins publicada no livro ‘The Gardener’s Garden’, da editora Phaidon.
Fonte: Fundação de Serralves
https://www.serralves.pt/pt/parque/o-parque/historia/
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