O local escolhido pelos primeiros povoadores foi uma crista de colinas, que se abria, em anfiteatro, sobre duas baías, separadas pelo vulcão extinto do Monte Brasil. Uma delas, a denominada "angra", tinha profundidade para a ancoragem de embarcações de maior tonelagem, as naus. Tinha como vantagem a protecção de todos os ventos, excepto os de Sudeste.
As primeiras habitações foram erguidas na encosta sobre essa angra, em ruas íngremes de traçado tortuoso, dominadas por um outeiro. Neste pelo lado de terra, distante do mar, foi iniciado um castelo com a função de defesa, à semelhança do urbanismo medieval europeu: o chamado Castelo dos Moinhos.
Em poucos anos, desde 1478, a povoação fora elevada à categoria de vila e, em 1534, ainda no contexto dos Descobrimentos, foi a primeira do arquipélago a ser elevada à condição de cidade. No mesmo ano, foi escolhida pelo Papa Paulo III, pela bula Æquum reputamus, para sede da Diocese de Angra, com jurisdição sobre todas as ilhas do arquipélago dos Açores.
Vila desde 1474, Angra foi, historicamente, a primeira cidade europeia do Atlântico (1584), implantada em consequência da abertura de novos horizontes geográficos e culturais proporcionada pelo ciclo dos Descobrimentos portugueses. Desenvolveu-se a partir de seu porto, que se revestiu de grande importância estratégica entre os séculos XV e XIX, ilustrando a passagem dos modos de viver e de construir da Idade Média para a modernidade proporcionada pelos Descobrimentos e pela Renascença.
O núcleo inicial da urbe, começado a formar-se à volta do castelo, seguiu um modelo medieval de implantação urbana. Na sequência desta primeira fase, foram feitas obras importantes de infraestrutura urbana, desenvolveu-se depois paralelo à costa com um plano de intencional geometrismo, cuja autoria continua ainda desconhecida. A estrutura viária definiu-se em direta relação com as actividades portuárias da vila, sendo o porto o direcionador da maioria das ruas que se desenvolvem, sensivelmente, no sentido Norte-Sul. No sentido Leste-Oeste, um grande eixo, a Rua da Sé, faz a ligação dos eixos vindos da Ribeira com o coração da cidade.
A planta da cidade define-se, assim, por uma estrutura axial, com eixos paralelos dispostos perpendicularmente ao mar e cortados todos por uma grande rua (a da Sé), desenvolvida no sentido da linha da costa. Tal desenho, alegam alguns autores, terá sido sabiamente feito pelos construtores-navegadores quatrocentistas, considerando a defesa da cidade dos ventos dominantes, que a percorrem no sentido Oeste-Leste. Destaca-se no tecido urbano, a função dos eixos perpendiculares principais (ruas Direita e da Sé), virtualmente ligando os principais edifícios da cidade: a Sé, o Colégio da Companhia de Jesus, os Conventos de São Francisco da Esperança e de São Gonçalo, o Forte de São João Baptista e várias casas e solares renascentistas.
A cidade foi abalada por um forte sismo em 1 de Janeiro de 1980, sendo então iniciados estudos para a sua restauração e protecção.
A classificação pela UNESCO da zona central de Angra do Heroísmo como Património da Humanidade já em 7 de Dezembro de 1983 - a primeira cidade no país a ser inscrita na lista -, reflecte a sua importância histórica e cultural.
Ler mais:
http://www.cmah.pt/visitantes/cidade/
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-mundial/portugal/centro-historico-de-angra-do-heroismo-nos-acores/
http://www.e-cultura.sapo.pt/patrimonio_item/10295
https://pt.wikipedia.org/wiki/Centro_Histórico_de_Angra_do_Heroísmo
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