sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Igreja de Santa Cruz do Convento de São Domingos


Em 1560, ao visitar Viana do Castelo, o arcebispo de Braga D. Frei Bartolomeu dos Mártires decidiu fundar na vila da foz do Lima um convento que albergasse uma comunidade dominicana. 
A igreja de Santa Cruz de Viana, ou São Domingos, é um claro exemplar das exigências arquitectónicas contra-reformistas. Resultado directo das directrizes do Concílio de Trento no que respeitava à edificação arquitectónica, o convento dominicano da foz do Lima vai aliar as soluções maneiristas de vincada verticalidade e ambiguidade de escalas à finalidade catequética que se pretendia dos templos pós-tridentinos.
Da autoria do mestre João Lopes o Moço, e elaborado segundo os rigorosos planos e indicações de D. Frei Bartolomeu dos Mártires, a igreja do Convento de São Domingos apresenta uma fachada retabular dividida em três registos. O primeiro registo é decorado por um conjunto de colunas coríntias de fuste estriado, assentes sobre pedestais decorados com motivos rústicos de "pontas de diamante". Cada uma das colunas é acompanhada a todo o comprimento por uma pilastra embutida no pano murário. 
A planta do templo é de nave única com abóbada de caixotões e seis capelas laterais de arcada jónica, interrompida por um largo transepto cujo abobadamento, também de caixotões de madeira, é feito em formato de pirâmide invertida. A capela-mor, também jónica, é estreita e alongada. Este modelo segue as normas tridentinas segundo as quais os templos deveriam ser executados em forma de cruz, ou construção axial.
Na capela-mor, em arca tumular de mármore, está sepultado o fundador da igreja. A capela de Nossa Senhora do Rosário, edificada em 1615, ostenta um belo retábulo da autoria de Domingos de Magalhães, que a realizou sob projecto do arquitecto Manuel Pinto Villalobos.
No interior, podem admirar-se vários altares de belíssima talha dourada, com destaque para o grandioso retábulo do braço norte do transepto, em “talha gorda”, da autoria do mestre bracarense José Alvares de Araújo, a partir do desenho encomendado ao mestre André Soares pela confraria do Rosário, em 1760. Foi considerado uma “obra-prima do estilo rocaille de toda a Europa” pelo investigador norte americano Robert Smith, um estudioso da talha portuguesa na década de 70 no século XX.
A igreja é Monumento Nacional desde 23 de junho de 1910.

Ler mais:
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70306
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=4146
"Tesouros Artísticos de Portugal" (1976) - Selecções do Reader's Digest
https://www.visitportugal.com/pt-pt/content/igreja-e-convento-de-sao-domingos

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