sábado, 17 de outubro de 2020

Capela de São Salvador do Mundo

Num lugar chamado Salvador, recôndito num primeiro olhar, encontra-se, inesperadamente, as origens do concelho de Sobral de Monte Agraço. Outrora, denominado de “Montagraço”, ali se localizaram, até meados do século XVI, os edifícios públicos da época: o paço Episcopal, a Igreja, o Pelourinho e a casa dos homens-bons do concelho. A comprovar este período histórico está um edifício, datado do século XIII, que revela a ambivalência do período de transição do românico para o gótico e que é reconhecido como um dos mais interessantes templos medievais da região de Lisboa – a Capela de S. Salvador do Mundo.
Com efeito, no conjunto coincidem valores artísticos ora românicos, ora góticos, que lhe conferem um interessante ar de simbiose estilística. A estrutura parece ter ficado a dever mais ao Românico, sobressaindo os alçados escassamente fenestrados, o aspeto compacto e robusto das paredes e a singeleza do projeto arquitetónico, definido a partir de uma nave única relativamente curta.
Abandonado durante anos e transformado em lagar em altura incerta da época moderna, só muito recentemente foi alvo de investigações arqueológicas, que lograram desvendar a origem do monumento e a sua real importância no contexto regional e cronológico que coincide com o aro de Lisboa nos séculos seguintes à conquista da cidade por D. Afonso Henriques.
A primeira referência documental conhecida consta do Catálogo das igrejas existentes em Portugal, de 1320, onde se menciona a existência da igreja do Salvador do Mundo de Monte Agraço.
No entanto, outros aspetos devem entrar em linha de conta para uma mais rigorosa avaliação estilística, como o portal já gótico (em arco quebrado) ou os arcos torais que seccionam a nave (de arestas chanfradas). Por outro lado, muitos dos silhares que compõem as paredes são siglados (característica vincadamente avançada) e, num deles, reconhece-se o nome do possível arquiteto, Diogo Martins.
Classificada como IIP – Imóvel de Interesse Púbico desde 1955, a capela é considerada um elemento fundamental para a compreensão das origens históricas e do povoamento do concelho de Sobral de Monte Agraço.

Ler mais:
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/71860
http://www.cm-sobral.pt/patrimonio-religioso/

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