Na festa em honra de Santo Estêvão, ou Festa dos Rapazes, os protagonistas são os máscaras.
As festas dos rapazes acontecem um pouco por toda a Terra Fria transmontana, sendo que a sua origem é remota, quiçá muito anterior à cristianização da Península. Tratam-se de celebrações pagãs do solstício de Inverno, que na época natalícia se realizam pelo território.
A organização da festa de Santo Estêvão de Ousilhão pertence hoje aos mordomos, oriundos do mesmo bairro, o bairro a que competem, por rotatividade, estas funções. Outrora, porém, era ao “rei” que cabia a liderança e que, portanto, se identificava com mordomo, isto é, “o rei da festa”. Actualmente, o “rei” detém um poder simbólico e já não se confunde com o mordomo. As suas funções estendem-se ao domínio do temporal, do profano, e do religioso, do sagrado.
O “rei” anda sempre acompanhado, como convém à sua dignidade, por uma guarda de dois “vassais” nos diferentes cerimoniais da festa que são protagonizados por este trio assim constituído.
Outro grupo de protagonistas são os “moços”, em número de quatro, que têm como função abrilhantar a festa, executando danças nas casas de cada um dos moradores, ao ritmo da gaita de foles.
Os “máscaros”, assim designados localmente, são os protagonistas mais simpáticos, os mascarados que, no dia da festa, tomam conta da aldeia. Aparecem em grupos e em grande número: rapazes e moças que assim se preparam, crianças e adultos; todos podem assumir este papel e desenvolver todo o tipo de brincadeiras e pantominas.
As rondas são visitas de cortesia a todos os vizinhos da aldeia. São protagonizadas pelos quatro moços. Os “máscaros” participam nas rondas em grupos mais ou menos numerosos e de forma espontânea e informal. A música tradicional da gaita-de-foles, caixa e bombo confere ao ritual um carácter para-litúrgico e quase sagrado.
A festa começa no próprio dia de Natal, da parte da tarde, com a ronda do peditório. É a ronda de Boas Festas. O ritual repete-se no dia seguinte, o dia de Santo Estêvão. Desta feita, trata-se da ronda das “Alvoradas”, cuja motivação e razão de ser é o próprio santo. Começa bem cedo (ou não fosse ela uma cerimónia de alvorada).
Os protagonistas, os moços com seus adereços e os ruidosos e irrequietos “máscaros” dão a volta ao povo, num percurso de saudação aos donos das casas que oferecem bebidas e comerotes a todos os acompanhantes.
A ronda começa pela casa dos mordomos, “rei” e “vassais” e pelo bairro a que todos eles pertencem.
Fonte: Academia Ibérica da Máscara (António Pinelo Tiza)
Ler mais:
http://academiaibericamascara.org/index.php/pt/estudos/77-ousilhao
http://www.rotaterrafria.com/frontoffice/pages/330?geo_article_id=7808
https://pt.wikipedia.org/wiki/Festa_de_Santo_Estêvão_(Ousilhão)
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