quinta-feira, 28 de junho de 2018

Fonte da Areia

Numa ilha que possuí uma quantidade controlada de água, a importância de fontes naturais mantém-se. Noutros tempos, esta fonte tinha a água mais saborosa de toda a ilha, sendo utilizada inclusivé, para fins medicinais, era considerada pelos seus habitantes uma fonte sagrada.
Hoje, a Fonte da Areia já não jorra a água de antigamente, mas o vento faz questão em deixar o seu rasto nas rochas arenosas, e proporciona aos seus visitantes um incrível espectáculo de erosão. Chega-se a esta fonte saindo da localidade da Camacha, por uma estrada que segue para Oeste em direcção ao mar.
A Fonte da Areia é dominada por depósitos quarternários, nomeada-mente por depósitos da Formação Eolianítica, representados pelos arenitos biogénicos carbonatados mais antigos da ilha, com cerca de 31 mil anos. Estes eolianitos correspondem a areias marinhas, de natureza organoclástica, na sua larga maioria constituídos por fragmentos de conchas de moluscos, de placas e espículas de equinodermes, algas calcárias e foraminíferos, remobilizadas da plataforma insular existente em torno da ilha, e que sofreram transporte essencialmente eólico até aos locais de deposição. Na base ocorrem depósitos de natureza argilosa em claro contraste com as rochas vulcânicas subjacentes, cortadas “à faca” por antiga superfície topográfica actualmente exposta junto ao topo da arriba marinha por significativa erosão marinha do sector norte da ilha desde o último máximo glaciário.
A geração destas areias marinhas remontam à última glaciação, período Wurm, que decorreu entre os 110 e os 11 mil anos.
São conhecidas 4 unidades distintas que intercalam 3 paleossolos, níveis de tonalidade acastanhada, que correspondem a períodos de pausa no transporte e acumulação das areias e permitiram a instalação de um solo ou a deposição de material lamacento.
O tipo de estratificação existente sugere que a dominância dos ventos tenha sido do quadrante N.
Observam-se, ainda, finas camadas de calcário pouco coerente que correspondem a crostas calcárias, denominadas localmente por laginhas de cal, originadas por remobilização e encouraçamento do carbonato de cálcio, fenómeno que ainda ocorre atualmente à superfície desta formação. A presença de fósseis de gastrópodes pulmonados terrestres e de rizoconcreções representam a ocupação biológica deste habitat litoral.

Ler mais:
https://geodiversidade.madeira.gov.pt/geossitios/porto-santo/46-fonte-da-areia.html
http://www.visit-portosanto.com/fonte-da-areia-porto-santo/
http://www.visitmadeira.pt/pt-pt/explorar/detalhe/miradouro-da-fonte-de-areia-porto-santo

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