É no centro da cidade de Chaves, sobre o rio Tâmega, que a percorre parcialmente, que se ergue uma ponte construída durante o processo de romanização desta região do território nacional. Na verdade, terá sido no ano de 104 d.C., em plena vigência (98-117) do imperador romano Marco Ulpio Trajano (c. 53-117), que se concluiu a primeira das duas colunas comemorativas aí existentes, dando início à edificação da futura ponte, num acto perfeitamente contextualizável do ponto de vista histórico. Com efeito, apesar de manter-se num estado de quase permanente campanha militar, o Império de Trajano primou pela condução de uma série de reformas administrativas, a par de construções de carácter público, como vias, canais e pontes, absolutamente essenciais ao sucesso que pretendia alcançar com a sua principal política de conquista e manutenção dos territórios entretanto alcançados. E, à época, Aquae Flaviae ocupava um lugar de destaque no sistema administrativo romano, designadamente depois que o reinado dos Flávios (69 a 96 d. C.) lhe conferiu o estatuto municipal.
A ponte é uma obra notável de engenharia, com cerca de 150 metros de comprimento. Os 12 arcos visíveis são de volta perfeita e formados por enormes e robustas aduelas de granito. No entanto, há pelo menos mais seis arcos soterrados pelas construções, de um lado e do outro do rio. A meio da ponte estão implantados dois documentos epigráficos de carácter honorífico em tributo das gentes flavienses e dos dez povos que ajudaram na sua construção. Esta ponte é o mais característico ex-libris de Chaves.
Relativamente às duas colunas atribuídas aos imperadores Titus Flavius Vespasianus (c. 9-79) e Trajano, localizadas sensivelmente a meio do tabuleiro, é plausível que proviessem de outro local, nomeadamente de umas das extremidades da própria ponte. Revestem-se, todavia, de uma importância acrescida em virtude de datarem o monumento, em si, e ostentarem referências únicas relativas às comunidades envolvidas na sua edificação, dados fundamentais para um melhor entendimento da designação dos povos que habitaram a Lusitânia. Entretanto, durante a prospecção arqueológica conduzida em 2001, no âmbito do projecto de remodelação do centro histórico da cidade, foi descoberto um troço de cinquenta metros de calçada romana na actual Rua Cândido dos Reis, de acesso à ponte.
A ponte cumpriu a função de acesso principal à cidade pelo bairro da Madalena até à década de 50 do século XX, altura em que foi inaugurada a ponte Eng.º Barbosa Carmona. Actualmente, encontra-se encerrada ao trânsito funcionando apenas como ponte pedonal.
Está classificada como Monumento Nacional desde 1938.
Ler mais:
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70611
http://monumental.chaves.pt/frontoffice/pages/120?poi_id=15
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ponte_de_Trajano
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